Retrospectiva Vagalume 2023: Os álbuns do ano

Especialmente no Brasil, o formato álbum anda meio desprestigiado. Por aqui, cada vez mais temos artistas preferindo lançar singles ou blocos de músicas em EPs que, posteriormente, são reunidos em um só produto (virtual, diga-se). Felizmente, há ainda quem aposte no formato e dentro do pop brasileiro isso ficou claro com os bons resultados colhidos por IZA, Luísa Sonza, Marina Sena e Jão, o nosso escolhido para marcar essa espécie de “renascença do LP” dentro da música brasileira.

Lá fora, ainda que os singles também sigam com força, há espaço de sobra para quem busca uma imersão mais profunda na cabeça do artista, Taylor Swift que o diga. Os discos abaixo selecionados se mostraram sucesso de público e crítica, coisa nem sempre comum, e são apenas uma pequena amostra de um ano que ainda nos deu grandes trabalhos de Blur, Paramore, Foo Fighters, Sufjan Stevens, Mitski, Metallica, Troye Sivan e muitos outros

SZA – “SOS“

Tecnicamente, um disco de 2022, mas como ele saiu no finzinho de dezembro, foi só em 2023 que “SOS” realmente impactou no mundo da música. O álbum colocou, merecidamente SZA no primeiro escalão graças ao seu trabalho que consegue ser pop e pessoal e inovador, mas sem abandonar a grande tradição do R&B. Seu show no Lollapalooza, promete ser um dos grandes eventos deste ano no Brasil.

boygenius – “the record“

Julien Baker, Lucy Dacus e, especialmente, Phoebe Bridgers já gozam há alguns anos de grande prestígio. Em 2023, elas reativaram o projeto que se iniciou em 2018, que rendeu um belo EP, e, surpresa, se tornaram uma das maiores histórias de sucesso do ano. “the record” foi unanimemente elogiado pelos críticos e também atingiu em cheio o público. Meses depois do lançamento o trio já estava se apresentando no Madison Square Garden, com seu indie folk delicado de letras intimistas e belos arranjos vocais.

Lana Del Rey – “Did you know that there’s a tunnel under Ocean Blvd“

Lana cada vez mais confirma a sua vocação para se tornar uma artista verdadeiramente clássica, daquelas que seguirão mantendo público e críticos interessados quando muitos nomes que hoje movimentam a indústria já estarão esquecidos.

E a cantora consegue isso sem fazer concessões às regras do mercado. “Did You Know…” é um LP que exige bastante do ouvinte – são quase 80 minutos de canções em andamento lento, onde o piano é o instrumento fundamental, e pode ser comparado positivamente à obra-prima “Norman Fucking Rockwell!” (2018). Nada mal para um nono trabalho de estúdio.

Olivia Rodrigo – “GUTS“

Para quem achava que a jovem seria apenas uma “one hit wonder”, 2023 trouxe “más notícias”. Musicalmente, “GUTS” não se afastou muito de “SOUR”, a estreia de Olivia de 2021, até porque ela manteve o produtor e compositor Dan Nigro como seu principal parceiro, mas mostrou que o processo de amadurecimento da artista, que agora está com 20 anos, também está se refletindo em seu trabalho. Vai ser ótimo acompanhar os seus próximos passos.

Jão – “Super“

João Vitor Romania Balbino, ou simplesmente Jão, conseguiu uma proeza com esse disco: ele lotou o ginásio do Ibirapuera, de pessoas que foram lá, não para um show, mas para escutar um disco em uma audição coletiva.

“Super”, com seus timbres levemente retrô, letras em primeira pessoa e vocais derramados, mostram que o paulista consegue soar moderno e conversar com o público consumidor de música pop no Brasil, mas também agradar as gerações anteriores.

Se 2023 foi marcado por este álbum e um show marcante no The Town, 2024 promete amplificar ainda mais essa história de sucesso, com uma turnê por estádios e arenas e uma performance no Rock in Rio, agora no Palco Mundo do megafestival.

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