51 anos depois, Caetano Veloso mostra em São Paulo que “Transa” se mantém atual

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51 anos depois, Caetano Veloso mostra em São Paulo que “Transa” se mantém atual

Cantor fez no sábado o primeiro de dois shows especiais na cidade com o repertório do álbum ao lado dos músicos que tocaram no disco de 1972.

– 51 anos depois, Caetano Veloso mostra em São Paulo que “Transa” se mantém atual

Crédito fotos: Rafael Strabelli publicadas em @caetanoveloso

Em agosto passado, Caetano Veloso fez uma pequena pausa em sua atual turnê, chamada de “Meu Coco”, assim como seu mais recente álbum, para relembrar o seu LP mais icônico. Prometido como show único, o espetáculo em homenagem ao álbum “Transa” (1972) dentro do festival “Doce Maravilha” não ocorreu sem problemas – uma chuva torrencial quase forçou o seu cancelamento e o cantor só subiu ao palco horas depois do previsto.

Apesar dos contratempos, quem não foi embora para casa, ou ficou acordado até de madrugada para ver pelo YouTube, certamente não se arrependeu. Assim, não foi difícil de prever que ele teria que realizar mais algumas apresentações. Após outras duas no Rio, Caetano chegou neste sábado (25) a São Paulo para, ele garante, as duas últimas sessões do concerto.

Em um Espaço Unimed totalmente lotado, o baiano de 81 anos demonstrou a atualidade do LP, que, mesmo sem ter nenhum grande sucesso radiofônico, acabou ganhando status de clássico da nossa música – recentemente ele foi eleito o oitavo melhor disco já feito por um brasileiro.

Caetano Veloso

O repertório, e a esquematização do show, não mudou muito em relação ao primeiro espetáculo. Caetano, coisa rara, se dedica apenas ao canto – e sua voz segue impecável – deixando o instrumental a cargo da Uau Família, a banda que o acompanha atualmente, e que inclui músicos do primeiro time, caso do baixista Alberto Continentino, do guitarrista e violonista Lucas Nunes (do Bala Desejo) e de Pretinho da Serrinha que, como brincou o astro da noite, de vez em quando anda o “traindo” para tocar com Marisa Monte.

São eles que tocam na primeira parte do show formada por “You Don’t Know Me“, a faixa de abertura de “Transa”, e mais uma série de canções do período 1969-1973. Entre os destaques duas canções feitas para suas irmãs: “Irene” e “Maria Bethânia“, e raridades como “The Empty Boat” e “Araçá Azul” (apresentada como uma canção “pós-Transa), além de “London, London“.

Caetano lembrou que “Transa” foi feito quando ele estava exilado em Londres, após ter passado um período na prisão e outro confinada em casa e que ele era um disco que lhe trazia muita dor. Ao mesmo tempo, o fato dele ter sido abraçado por sucessivas gerações lhe traz um alento.

Caetano Veloso
Caetano Veloso (Foto: Rafael Strabelli )

A trinca “Triste Bahia“, “Neolithic Man” e “It’s A Long way” marcam o fim da primeira parte, antes da entrada de Jards Macalé (violão e guitarra), Tutty Moreno (bateria) e do percussionista Áureo de Souza – o baixista Moacyr Albuquerque morreu em 2000.

Aqui vale celebrar o reencontro entre Caetano e Macalé, o responsável por arregimentar os músicos e cuidar da direção musical de “Transa”. O músico, que viria a se tornar um dos “malditos” da MPB, ficou revoltado, e com razão, ao ver que o seu nome, e também o dos demais instrumentistas, simplesmente não estavam creditados no LP. e rompeu relações com o astro maior da MPB.

Com o time completo, eles tocam um repeteco de “You Don’t Know Me“, que, claro, fica mais encorpada. Jards tem seu momento solo com a clássica “Mal Secreto“, uma versão de “Corcovado“, de Tom Jobim mais “Sem Samba Não Dá“, canção presente em “Meu Coco”.

Caetano Veloso
Caetano Veloso (Foto: Rafael Strabelli )

Mais duas de “Transa” – “Mora Na Filosofia” (de arrepiar) e “Nine Out Of Ten” – com Veloso lembrando que esteve entre as primeiras pessoas a se impressionar com um ritimo ouvido pelos jamaicanos chamado reggae que era muito ouvido na região londrina de Portobello Road, mas ainda não havia chegado ao mainstream.

O show entra em sua parte final com a chegada de Angela Ro Ro ao palco. Muito antes de gravar seu primeiro LP, que sairia em 1979, a jovem de 22 anos estava passeando pela Inglaterra e acabou tocando gaita na faixa de encerramento do disco, a vinheta “Nostalgia (that’s What Rock’n’roll Is All About)“.

Caetano Veloso
Caetano Veloso (Foto: Rafael Strabelli )

Caetano havia a convidado para o show no “Doce Maravilha”, que ela não pôde aceitar por já ter outra apresentação agendada para aquele dia. Felizmente, ela conseguiu participar dos concertos subsequentes no Rio de Janeiro e também esteve presente no sábado (e vai estar novamente nesta segunda).

Ro Ro tem três músicas para cantar, todas acompanhadas apenas ao piano por seu fiel escudeiro Ricardo Mac Cord: “Escândalo” (composta por Caetano especialmente para ela), “Compasso” e, como não podia ser diferente, “Amor, Meu Grande Amor“.

Caetano Veloso

A já citada “Nostalgia” marca o fim do show que tem ainda um bis com, mais uma vez, “Nine Out Of Ten“.

Nesta segunda-feira, Caetano Veloso repete o show no Espaço Unimed. Ainda que mais uma rodada de apresentações não seja de todo impossível – a demanda certamente existe – ela também poderá ser a última chance de se ver ao vivo esse repertório. Para esta data ainda há ingressos disponíveis.

51 anos depois, Caetano Veloso mostra em São Paulo que “Transa” se mantém atual.


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