Escute a edição especial de 30 Anos de lançamento de “In Utero”, o último álbum do Nirvana
Terceiro disco da banda foi resposta direta ao sucesso de “Nevermind”
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Se a resposta foi, “lançar um outro álbum no mesmo clima para seguir agradando”, não foi essa a decisão tomada pelo Nirvana na hora de fazer “In Utero”, o sucessor de “Nevermind”, o tal disco que “mudou tudo”, e que acaba de ganhar uma segunda edição comemorativa, esta pelos 30 anos de seu lançamento.
Muito mais raivoso e menos “amigável” que “Nevermind”, “In Utero” foi produzido, ou melhor dizendo “gravado”, por Steve Albini, que sempre optou por registrar seus discos de um modo mais direto e sem muitas intervenções. Isso faz dele o nome a se buscar se a ideia é fazer um disco rápido, cru e direto, mas sempre com boa definição sonora, a sua obsessão sobre posicionamento de microfones dentro do estúdio é famosa.
As novas músicas compostas por Kurt Cobain, bem menos acessíveis de modo geral, ainda que o seu talento de bom melodista não conseguisse ser totalmente apagado, eram perfeitas para receber o tal “tratamento Albini”.
Quando a gravadora ouviu o resultado, obviamente se assustou, afinal o novo disco do Nirvana era um dos “produtos” com que a Geffen estava mais contando para aquele ano de 1993.
Uma briga teve início e, em determinado momento, até a banda começou a sentir-se insegura em relação ao trabalho feito com Albini. Para a companhia o melhor seria até que eles descartassem as gravações e recomeçassem do zero.
No final, chegou-se a um meio termo. Scott Litt, que trabalhava com o R.E.M. remixou as músicas que iriam virar single, “Heart Shaped Box” e “All Apologies“, e o disco finalmente foi para a rua.
“In Utero”, claro, não vendeu da mesma forma que “Nevermind”, o que nem chega a surpreender, fenômenos desse tipo não costumam se repetir, mas também não fez feio – número 1 nos EUA e Reino Unido e estimativas de que 15 milhões de cópias tenham sido vendidas mundialmente.
Apesar de bem mais barulhento e sujo que seu antecessor, ele também tinha momentos mais acessíveis. Os críticos também aprovaram, ainda que nem sempre com o mesmo entusiasmo demonstrado anteriormente.
Um exemplo? “Nevermind” foi o disco de 1991 para o semanário britânico NME. Dois anos depois, “In Utero” ficou em 30° lugar. Depois do suicídio de Cobain em abril de 1994, a percepção a respeito dp trabalho mudou e “In Utero” começou a ser visto sob outra perspectiva. 20 anos depois, o mesmo NME o colocou em 35° lugar em outra lista, esta a dos melhores discos de todos os tempos (“Nevermind” ficou em 11°).
Se em estúdio o Nirvana buscou a crueza, o contrário se verificou na hora de voltar ao palco. A mesma banda que poucos meses antes estava ficando famosa por shows caóticos, foi na direção contrária, Dois músicos extras foram chamados para se juntar ao trio, incluindo o guitarrista Pat Smear, e houve o cuidado de se criar até um cenário baseado na capa do álbum.
Os dois shows incluídos nessa edição mostram um Nirvana seguro e potente em cima do palco, mas nem um pouco “certinha”, alguns erros de execução segeum perceptíveis. Os novos softwares de edição sonora permitiram que os elementos presentes nessas gravações, que foram feitas sem a intenção de lançamento comercial, fossem devidamente separados o que permitiu uma boa mixagem do material.
A banda também já mostrava ter feito as pazes com seu maior sucesso e não há economia na hora de tocar as músicas de “Nevermind” ao lado das novidades. Há também as covers de “Jesus Doesn’t Want Me For a Sunbeam” (Vaselines) e de “The Man Who Sold The World” (David Bowie) que se tornariam conhecidas em suas versões “unplugged”.
Infelizmente nunca saberemos para onde eles iriam depois desse momento. Menos de sete meses depois do lançamento de “In Utero”, Cobain estava morto e a banda que mudou o rock de uma maneira profunda que nunca mais se viu depois, chegava ao fim.
Ouça:
Escute a edição especial de 30 Anos de lançamento de “In Utero”, o último álbum do Nirvana.
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