Nos 50 anos do Hip Hop, relembre dez discos e quinze músicas históricas do gênero!
Há cinco décadas, uma festa de bairro animada pelo DJ Kool Herc dava início a uma revolução
– Nos 50 anos do Hip Hop, relembre dez discos e quinze músicas históricas do gênero!
Ali, o jamaicano mostrou em público pela primeira vez a técnica de prolongar o beat de uma música usando dois toca-discos e cópias duplicadas de um mesmo disco. Naquele momento, os scratches e os breakbeats, como seriam chamados futuramente, foram “soltos para o mundo”
Óbvio que, nesse momento, o termo Hip Hop ainda não existia
O caminho da festa de bairro até o topo das paradas foi logicamente longo. Somente em 1979 que um single de rap, o canto falado que acompanhava as montagens sonoras feita pelos DJs, chegou ao mainstream, com “” e levaria ainda mais alguns anos até ele ser não só levado a sério como aceito como um gênero em si.
Nesse especial, selecionamos 10 discos que estão entre os mais importantes do Hip Hop e que mostram a variedade de estilos que o estilo tem e teve. A escolhe pode ser obviamente questionada, mas todos costumam estar presentes em listas de maiores álbuns já feitose venderam muitas cópias, em alguns casos milhões e milhões delas.
No final temos também uma playlists com mais 15 nomes que não poderia de maneira alguma ficar de fora desta festa.
Run-DMC – “Raising Hell” (1986)
Joseph “Run” Simmons, Darryl “D.M.C.” McDaniels e Jason “Jam Master Jay” Mizell formaram a primeira força realmente comercial do Hip Hop. O trio ganhou o primeiro disco de ouro, e também o de platina, da história do rap, foram os primeiros a aparecer na MTV e na capa da Rolling Stone e ainda representaram o estilo no Live Aid (ainda que a apresentação deles tenha sido cortada na televisão).
Só faltava mesmo conquistar a “América branca”, e por consequência o resto do mundo, feito conseguido pelo single “Walk This Way (feat. Aerosmith)“, uma cover do Aerosmith que, de quebra, levou a banda de volta ao mainstream e o álbum “Raising Hell”, um dos grandes discos da chamada “era de ouro do Hip Hop”.
Public Enemy – “It Takes A Nation Of Millions…” (1988)
Politizados e sem papas na língua, o Public Enemy causou um impacto gigantesco na segunda metade dos anos 80, caindo nas graças da ainda muito influente “imprensa branca roqueira”, especialmente a inglesa.
“It Takes A Nation Of Millions To Hold Us Back” ainda surpreende 35 anos depois de lançado, com seu clima pesado, claustrofóbico e barulhento e letras politizadas – não por acaso, Chuck D, líder do grupo, dizia que o rap era a “CNN Negra”.
De La Soul – “3 Feet High And Rising” (1989)
Na contramão do que vinha sendo feito na época, este trio de ainda adolescentes criou uma das maiores obras-primas da história de toda a música pop. Abusando do bom-humor, e sampleando artistas como Hall and Oates, Otis Redding e Steely Dan, o De La Soul criou pontes entre o Hip Hop e a psicodelia. O uso desenfreado e altamente criativo dos samples, por outro lado, causaram problemas.
Naquele momento, ainda não havia uma legislação específica sobre o assunto e eles foram processados pelos Turtles pelo uso de um trecho de “You Showed Me” em uma das faixas deste álbum. A partir dali, ficou claro que gravar um disco de rap usando centenas de trechos de músicas já lançadas seria inviável, mas, antes disso, outro disco que se tornou clássico por esse mesmo motivo chegou às lojas, como já veremos.
Beastie Boys – “Paul’s Boutique” (1989)
“Licensed to Ill”, de 1986, colocou o trio de rappers brancos no topo da Billboard, o primeiro LP de Hip Hop a conseguir tal feito e já vendeu mais de dez milhões de cópias nos EUA.
Apesar desses números impressionantes, musicalmente, o segundo trabalho deles se mostrou bem mais importante e influente. “Paul’s Boutique” era um LP totalmente diferente de seu antecessor, trocando os riffs e samples de hard rock e as letras juvenis por algo bem mais sofisticado.
A mudança se deu devido a troca de produtores com Rick Rubin dando lugar para os Dust Brothers, que criaram uma impressionante tapeçaria sonora para as vozes de Ad-Rock, MCA e Mike D, usando mais de uma centena de samples (até os Beatles entraram na jogada, algo impensável hoje em dia).
“Paul’s Boutique” não foi além de 14° lugar na parada da Billboard e mesmo a crítica, que no futuro o chamaria de “Sgt. Peppers do rap”, não o entendeu logo de cara.
Os Beastie Boys acabaram voltando quase que para o underground, algo que acabou fazendo bem para o grupo. “Check Your Head”, o álbum de 1992, provou que eles seguiam evoluindo e “Ill Communication”, de 1994, os transformou em uma das bandas mais cool dos anos 90 (e também os colocou de volta no topo da parada dos EUA).
Dr. Dre – “The Chronic” (1992)
Andre Romell Young já havia ajudado a colocar o rap da Costa Oeste no mapa como membro do N.W.A., responsáveis pela popularização do polêmico “gangsta rap”. “Straight Outta Compton”, a estreia do grupo, é fundamental em qualquer discoteca de Hip Hop que se preze, mas “The Chronic” está em outro patamar.
Um dos álbuns mais bem produzidos do gênero, Dre criou o “G-Funk”, com os samples de James Brown, então dominantes, dando espaço para os de George Clinton (das bandas Funkadelic e Parliament). A mudança deu um groove maior para as faixas o que facilitou a sua popularização.
O disco também tinha uma arma secreta: a participação fundamental de um rapper que, logo, também viraria um superstar: Snoop Dogg. Dre ainda descobriria outro grande talento, Eminem, e também viria a se tornar o primeiro bilionário do Hip Hop, graças aos fones “Beats”. Nada mal para um artista que, reconhecidamente usa “escritores fantasmas” para criarem os seus raps.
Lauryn Hill – “The Miseducation of Lauryn Hill” (1998)
Roxanne Shanté, Queen Latifah, Salt-n-Pepa, Missy Elliott, as “novatas” Cardi B, Nicki Minaj sem nos esquecermos das nossas Negra Li e Karol Conka, entre muitas outras, foram várias as mulheres que conseguiram se impor com força em um meio predominantemente masculino, mostrando o seu valor e talento.
Lauryn Hill faz parte desse time e tem nesse disco um dos grandes trabalhos de música americana do século 20. A estreia solo da vocalista dos Fugees (que também poderiam estar aqui nesse especial com o álbum “The Score”) se tornou aquele caso raro de grande unanimidade: “The Misenducation” é um dos discos mais vendidos de todos os tempos, além de ser amado pelos críticos, e é difícil achar uma artista mais jovem que faça Hip Hop, ou que use elementos de black music em seu som, que não tenha sido fortemente impactado pelo álbum. Não à toa, a Rolling Stone o elegeu recentemente como o 10° melhor disco de todos os tempos. A se lamentar apenas que seja sozinha ou com os Fugees, Hill nunca mais tenha lançado outro trabalho de estúdio.
Eminem – “The Marshall Mathers LP” (2000)
Ser branco e vencer com credibilidade no Hip Hop, um estilo que manteve-se predominantemente ligado à cultura negra, não é tarefa fácil. É preciso muito talento mesmo para superar a desconfiança e ser aceito no meio. Apesar da dificuldade, isso é possível e Eminem é a prova viva.
Dono de um flow único e impressionante e capaz de criar longas histórias que deixam os ouvintes ligados como se estivessem vendo um filme, Marshall Mathers foi descoberto por Dr. Dre e, logo, foi para o primeiro escalão do cenário pop, emplacando álbuns e singles de sucesso e conseguindo manter-se sempre em evidência – algo também raro, o estilo sempre teve uma grande rotação de estrelas, e é comum que o astro de hoje já esteja no “circuito de nostalgia” poucos anos depois.
Dentre os vários álbuns do artista, este, o terceiro, é a grande obra-prima. Um álbum longo, denso, mas igualmente acessível – não é por acaso que ele é um dos grandes blockbusters da história do rap, com estimadas mais de 25 milhões de cópias vendidas pelo mundo. “The Marshall Mathers” acaba sendo aquele disco de Hip Hop que agrada até quem não gosta muito de rap .
Kanye West – “My Beautiful Twisted Fantasy Reward” (2010)
Antes dos trabalhos indulgentes, das declarações polêmicas, ou simplesmente infelizes, e da tentativa de ser presidente dos EUA, Kanye West era mais conhecido por ser um artista visionário e de raro talento. O rapper e produtor criado em Chicago começou a ser notado primeiro nos bastidores, a produção em “The Blueprint”, álbum clássico de Jay-Z, é exemplar.
Quando resolveu passar a gravar, ele logo estourou e passou a ser referência. “My Beautiful Twisted…” saiu em 2010 e não foram poucos os críticos que acharam que ninguém tenha feito nada melhor durante todo o resto dos anos 10 (ele encabeçou um bom número de listas de “melhores da década”). Exagero? Talvez. O próprio West ainda faria um LP tão bom, e até mais influente em 2013, com o minimalista “Yeezus”. Por outro lado, discos como esse: ambiciosos, que conseguem dialogar com o passado e principalmente com o futuro, e capazes de impressionar os mais variados ouvintes são artigo cada vez mais raro no mercado.
Kendrick Lamar – “To Pimp A Butterfly” (2015)
O rapper mais celebrado do século 21 está construindo uma discografia de respeito e sólida. De todos os seus trabalhos, “To Pimp…” é aquele que provavelmente vai ficar como o grande marco de sua carreira. Mais um caso de álbum que extrapola o seu nicho, o terceiro trabalho do artista de Compton trouxe de volta um rap com letras mais conscientes e com uma musicalidade forte, fazendo pontes com o soul, funk e jazz.
Lamar ganhou o importantíssimo Pulitzer de música pelo seu álbum seguinte, o igualmente forte “DAMN” – essa foi a única vez em que o prêmio não foi para um trabalho de jazz ou música clássica.
Racionais MC’s – “Sobrevivendo No Inferno” (1997)
Não poderíamos encerrar esse especial sem falar um pouco sobre o movimento no Brasil, que tem suas origens nos anos 80, com os encontros na Estação São Bento do Metrô paulistano e pioneiros como Thaíde, que gravou o primeiro disco individual de rap do país (“Pergunte A Quem Conhece”, de 1989).
Os Racionais fazem parte da geração seguinte de rappers, chegando ao vinil em 1993. Mesmo em uma gravadora independente, eles conseguiram chegar às grandes rádios do Brasil e se tornar um fenômeno sem precisar fazer o chamado “jogo do mercado”.
“Sobrevivendo No Inferno” é provavelmente o mais importante disco feito no país nos últimos 25, ou mesmo 30 anos (no livro que elegeu os 500 Maiores Álbuns da Música Brasileira ele ficou em nono lugar). Com esse disco, Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay, não só deram voz aos jovens periféricos, afinal, “Periferia É Periferia“, mas também apresentaram um país praticamente desconhecido pelas classes média e alta brasileiras.
É claro que não dá para resumir 50 anos de história em apenas dez discos, aliás, nem em 100 ou mais. Ainda assim, é impossível falar no rap sem que ao menos outros grandes mestres sejam citados. A playlist abaixo traz quinze canções de nomes igualmente fundamentais, de pioneiros como a Sugarhill Gang, passando por LL Cool J, Wu tang Clan, os saudosos Notorious BIG e 2Pac e mais:
Nos 50 anos do Hip Hop, relembre dez discos e quinze músicas históricas do gênero!.
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