Ouça cinco álbuns excelentes, e menos lembrados, de grandes bandas da história do rock
Nem todo disco se transforma em “The Dark Side Of The Moon” ou “The Joshua Tree”
– Ouça cinco álbuns excelentes, e menos lembrados, de grandes bandas da história do rock
Neste dia mundial do rock, resolvemos celebrar algumas das bandas mais importantes e populares do planeta de uma maneira diferente. Jogando luz sobre discos que acabaram eclipsados por outros de maior popularidade. Eles não são de todo malditos – os cinco já ganharam algum disco de ouro ou mesmo platina – mas certamente ficam em segundo plano quando comparados a obras de maior peso cultural feitas por esses mesmos artistas.
Depois de ouvir esses LPs, fica aqui o convite para que vocês tirem o dia, e os próximos, para continuar esse exercício, afinal toda banda com um certo tempo de estrada, ou que gravou bastante, tem um “disco perdido” pronto para ser redescoberto. Divirtam-se e feliz dia do rock!
“Obscured By Clouds” (1972) – Pink Floyd
Entre a saída de seu líder e principal compositor Syd Barrett, logo depois de seus disco de estreia (“The Piper At The Gates Of Dawn” de 1967) e a explosão de “The Dark Side Of The Moon” (1973), o Pink Floyd passou muito tempo em uma espécie de limbo artístico, em busca de uma sonoridade definitiva. Em maior ou menor grau, todos os discos dessa época são fascinantes e merecem ser conhecidos, especialmente para quem acha que o quarteto surgiu com o “disco do prisma”.
Dentre esses, “Obscured By Clouds” talvez seja o disco mais, humm, obscuro de David Gilmour, Nick Mason, Richard Wright e Roger Waters. O Lp saiu em junho de 1972, nove meses antes de “The Dark Side…” e, incrivelmente, foi gravado no meio das sessões daquele álbum.
“Obscured…” traz a música que eles criaram para o filme “La Vallée”, de Barbet Schroeder, mas está longe de ter apenas temas instrumentais e música incidental. O disco tem canções relativamente simples, bem estruturadas e de um inegável charme pop – de certa forma o oposto do que iriam fazer dali em diante.
“Free Four” mostra a banda em pegada “country-prog”, “Wots…uh the Deal” é uma das mais belas baladas já criadas pelos ingleses, “Childhood’s end” é hard rock psicodélico de primeira e a faixa-título instrumental – com seu clima quase que de terror – é igualmente recomendável (assim como a experimental “Absolutely Curtains“, outra que também tem uma vibe meio “assustadora”). Em resumo: uma tremenda viagem.
Não se pode dizer que o álbum foi um fracasso de vendas – sexto lugar no Reino Unido e o primeiro LP dos ingleses a aparecer no top 50 dos EUA – mas este definitivamente não é o disco do Pink Floyd que você encontrará na maioria das casas. Se você não o conhece, ou não ouve faz tempo, ouça e se surpreenda.
“Magical Mystery Tour” (1967) – The Beatles
Óbvio que não se pode falar em “álbum pouco conhecido” quando se fala em Beatles, mas “Magical Mystery Tour”, de 1967, é o que mais se aproxima disso, talvez até por sua natureza.
Lançado logo depois da obra-prima “Sgt. Peppers…”, o trabalho foi visto como um retrocesso na carreira da banda. A trilha sonora do filme feito para a televisão (dirigido por Paul McCartney) saiu no Reino Unido em um inovador formado de “EP duplo” (dois singles de 7 polegadas com três músicas cada), com um belo livreto com fotos do filme encartado.
O material podia ter sim suas estranhezas, incluindo uma faixa (quase) instrumental (“Flying“) e uma canção de clima soturno de George Harrison (“Blue Jay Way“). Por outro lado, McCartney trouxe um pouco mais de leveza para o conjunto com a bela “The Fool on the Hill” (uma das favoritas de Yoko Ono), a animada faixa-título (que ele gosta de tocar ao vivo geralmente na abertura dos shows) e “Your Mother Should Know“, mais um exercício dele no “music hall”, estilo que era muito popular no Reino Unido antes da chegada do rock.
No final, coube a John Lennon a missão de contribuir com o maior clássico da trilha: a sempre surpreendente “I Am The Walrus“.
Nos EUA, a ideia de um “compacto duplo” não foi bem aceita, e “Magical Mystery Tour” virou um LP completo com as músicas do filme no lado A e os compactos que eles lançaram naquele ano completando o álbum. Essa decisão ajudou a elevar o nível do material com a inclusão de “Penny Lane e “Strawberry Fields Forever” (forte concorrente a melhor single da história) e os sucessos “Hello, Goodbye” e “All You Need Is Love” (sem nos esquecermos de “Baby, You’re A Rich Man“). No Brasil, o formato escolhido foi igual ao do Reino Unido e, tanto aqui quanto lá, a versão em LP só saiu em 1976. É assim que ele vem sendo vendido mundo afora desde a padronização global da discografia da banda, feita em 1987.
“Between The Buttons” (1967) – Rolling Stones
Por um tempo, esse disco foi visto como uma grande decepção. O motivo era simples: ele saiu em janeiro de 1967, ou seja, no período em que os Beatles, seus maiores “rivais”, lançaram as obras-primas “Revolver” e “Sgt. Peppers”. Claro que se compararmos esse LP dos Stones com os do quarteto de Liverpool eles saem perdendo, mas isso não justifica a sua má fama.
“Between The Buttons” é um disco bem simpático mostrando Mick Jagger e Keith Richards se arriscando em águas nunca antes navegadas (e que em alguns casos eles nunca mais navegariam, vide a “humorística” “Something Happened To Me Yesterday” ou “Cool, Calm & Collected“, que mais parece saída de um álbum dos Kinks).
Apesar de não ter nenhum hit em sua versão inglesa, o LP mostra o quinteto inspirado especialmente nas baladas “Who’s Been Sleeping Here” e “She Smiled Sweetly“, que estão entre as melhores já feitas por eles. As faixas mais pesadas também são boas, caso de “My Obsession” (que Brian Wilson dos Beach Boys já citou como sua faixa favorita da banda), “All Sold Out” (bem psicodélica) e “Connection“, com a voz de Richards em primeiro plano.
A edição americana, que é a encontrada nos serviços de streaming, deixou o disco um tiquinho mais “popular”, ao trocar “Backstreet Girl” (outra balada inspirada) e a mais genérica “Please Go Home” pelas hoje clássicas “Let’s Spend The Night Together” e “Ruby Tuesday“, que saíram em compacto na Grã Bretanha.
“Boy” (1980) – U2
Quem ouviu o disco de estreia dos irlandeses em 1980, e não foram exatamente muitas pessoas, pode até ter se impressionado com a qualidade de suas canções ou visto ali um grupo de futuro, mas provavelmente não imaginou que estava nascendo ali uma das bandas mais populares de todos os tempos, e uma que iria ajudar a definir a década que ali começava.
Fortemente marcado pela sonoridade do pós-punk, e com um quê de rock progressivo, “Boy” já tem algumas marcas registradas dos irlandeses: notadamente os vocais derramados de Bono e o timbre de guitarra inconfundível de The Edge, e sua faixa de abertura, “I Will Follow“, é poderosa o bastante para garantir presença até hoje nos shows da banda.
O interessante aqui é ouvir canções menos celebradas, caso de “Twilight“, com seu baixo bem marcado, ou a quase experimental “Into The Heart“. “The Electric Co.” se tornou mais conhecida quando foi incluída no EP ao vivo “Under a Blood Red Sky” (1983) e a agitada (e memorável) Out Of Control” ainda pode ser ouvida em alguns shows.
“Boy” não foi além do 52° segundo lugar no Reino Unido (e do 63° nos EUA) e está longe de ser uma unanimidade entre os críticos. Ainda assim ele é um trabalho pra lá de interessante e que merece ser mais ouvido, seja pelos fãs de carteirinha de Bono e cia. como por aqueles que só conhecem o grupo em sua fase megaplatinada.
“The Uplift Mofo Party Plan” (1987) – The Red Hot Chili Peppers
Apesar de ser o terceiro álbum da banda, este é o único que traz a formação original da banda, com o guitarrista Hillel Slovak, que morreria pouco tempo depois, e o baterista Jack Irons, em todas as suas faixas. “The Uplifit” foi o primeiro trabalho deles a aparecer na parada da Billboard (no não muito animador 148° posto, ainda que, com o tempo, ele tenha até ganhado um disco de ouro).
Mais coeso que os dois trabalhos anteriores, o LP traz a banda em sua versão mais funkeada, mas também com muito peso. Isso faz dele um álbum que costuma ser bem conceituado entre aqueles que não gostam muito da fase de mais sucesso do quarteto, ou seja, a versão pós 1990 dos californianos. Quem só conhece a banda pós-“Blood Sugar Sex Magik” (1991) provavelmente nunca ouviu esse trabalho, ou talvez não o tenha escutado com a mesma atenção dedicada aos álbuns posteriores.
O próprio quarteto não costuma revisitá-lo muito. “Me And My Friends” é a única música aqui que foi tocada com certa regularidade nas décadas que se seguiram. Nem mesmo a pop “Behind The Sun“, que virou um semi-hit anos depois de seu lançamento na esteira do sucesso de “Blood Sugar…”, foi incorporada aos setlists.
Nem tudo aqui funciona exatamente bem. Convenhamos que “Special Secret Song Inside” (ou simplesmente “Party on Your Pussy”) ultrapassa os limites do bom gosto, e a cover “funk metal” de “Subterranean Homesick Blues“, de Bob Dylan, não ficou lá essas maravilhas. Mas “The Uplifit” ainda tem muita coisa lega a ser (re)descoberta.
Ouça cinco álbuns excelentes, e menos lembrados, de grandes bandas da história do rock.
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