Morrissey condena as homenagens da indústria da música após morte de Sinéad O’Connor
“Foram vocês mesmos quem convenceram Sinéad a desistir, porque ela se recusou a ser rotulada, e foi degradada”, escreveu o cantor, em seu site oficial
– Morrissey condena as homenagens da indústria da música após morte de Sinéad O’Connor
Morrissey não poupou adjetivos para condenar a indústria da música e as homenagens à Sinéad O’Connor, após a notícia da morte da cantora, nesta quarta-feira (26), aos 56 anos.
O britânico escreveu um texto em seu site oficial condenando a postura que executivos da música tiveram com Sinéad, a forma como ela foi dispensada pela sua gravadora e também a perseguição pública que sofreu da imprensa durante anos, principalmente devido às críticas à Igreja Católica, sua conversão ao Islã e pela questão de sua saúde mental.
Morrissey também falou sobre como a cantora irlandesa foi rotulada com termos degradantes e comparou seu fim com o de outras celebridades, como Amy Winehouse e Marilyn Monroe, citando a loucura que a indústria submete os artistas.
Leia o texto abaixo traduzido:
Ela tinha tanto de si para dar. Ela foi dispensada por sua gravadora depois de vender 7 milhões de álbuns para eles. Ela ficou enlouquecida, sim, mas desinteressante, nunca. Ela não tinha feito nada de errado. Ela tinha uma vulnerabilidade orgulhosa… e há um certo ódio na indústria musical por cantores que não ‘se encaixam’ (disso eu sei muito bem), e eles nunca são elogiados até o dia em que morrem – quando, finalmente, não podem mais responder.
O cercadinho cruel da fama jorra elogios para Sinéad hoje… com os rótulos idiotas usuais de ‘ícone’ e ‘lenda’. Vocês a elogiam agora APENAS porque é tarde demais. Vocês não tiveram coragem de apoiá-la quando ela estava viva e procurando por vocês. A imprensa rotula os artistas como parasitas por causa do que eles guardam para si… e chamaram Sinéad de triste, gorda, chocante, louca… ah, mas não hoje!
Executivos da música que colocaram seu sorriso mais charmoso ao recusá-la em suas listas estão fazendo fila para chamá-la de ‘ícone feminista’, e celebridades de 15 minutos de fama, trasgos do inferno e gravadoras de diversidades artificialmente despertadas estão se espremendo no Twitter para postar suas baboseiras … quando foram VOCÊS mesmos quem convenceram Sinéad a desistir… porque ela se recusou a ser rotulada, e foi degradada, como os poucos que movem o mundo sempre são degradados.
Por que ALGUÉM está surpreso que Sinéad O’Connor esteja morta? Quem se importou o suficiente para salvar Judy Garland, Whitney Houston, Amy Winehouse, Marilyn Monroe, Billie Holiday? Para onde você vai quando a morte pode ser o melhor caminho? Essa loucura musical valeu a vida de Sinéad? Não, não valeu.
Ela era um desafio, não podia ser encaixotada e tinha coragem de falar quando todos os outros permaneciam em silêncio. Ela foi hostilizada simplesmente por ser ela mesma. Seus olhos finalmente se fecharam em busca de uma alma que ela pudesse chamar de sua.
Como sempre, os modinhas perdem o momento e, cheios de orgulho, retornam aos onfensivamente estúpidos ‘ícone’ e ‘lenda’ quando, na semana passada, palavras muito mais cruéis e desdenhosas teriam servido. Amanhã, os almofadinhas bajuladores voltam para suas postagens de merda online, com sua acolhedora cultura do câncer, sua superioridade moral e seus obituários arrependidos… tudo isso vai te pegar com mentiras em dias como hoje… quando Sinead não precisa mais de sua porcaria estéril“.
De acordo com a imprensa internacional, Sinéad O’Connor foi encontrada já inconsciente em um apartamento em bairro residencial de Londres. A causa da morte ainda não foi divulgada.
Sinéad havia passado por um momento trágico no ano passado, quando perdeu o filho, Shane O’Connor, de apenas 17 anos, por suicídio. O jovem lutava contra depressão e ficou desaparecido por dois dias até ser encontrado já sem vida. Na ocasião, a cantora escreveu nas redes sociais: “Meu lindo filho, Nevi’im Nesta Ali Shane O’Connor, a própria luz da minha vida, decidiu encerrar sua luta terrena hoje e agora está com Deus. Que ele descanse em paz e que ninguém siga seu exemplo. Meu bebê. Eu te amo muito. Por favor, fique em paz”.
Morrissey condena as homenagens da indústria da música após morte de Sinéad O’Connor.
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