Batemos um papo com Alex Vaughn, grande nome da nova geração do R&B. Confira!

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Batemos um papo com Alex Vaughn, grande nome da nova geração do R&B. Confira!

Cantora falou com o Vagalume direto de Los Angeles

– Batemos um papo com Alex Vaughn, grande nome da nova geração do R&B. Confira!

Apesar de ainda ser pouco, ou nada conhecida, Alex Vaughn é daquelas cantoras que demonstram tanto talento que basta uma rápida audição em seu álbum de estreia, “The Hurtbook”, que recentemente ganhou uma edição deluxe, para ter certeza que ela está destinada à grandeza.

A música da cantora, compositora e pianista dialoga com o R&B moderno, mas mostra uma artista que soube aprender com seus antecessores. O que faz dela aquele raro tipo de artista que pode dialogar com um público amplo, seja o que busca os prazeres imediatos do pop, mas também com quem acredita que ainda é possível trazer um pouco mais de sofisticação para o cenário.

Alex Vaughn

Vaughn bateu um papo com o Vagalume direto de Los Angeles, cidade onde agora está radicada. Em sua primeira entrevista para o Brasil, ela contou sobre as suas origens musicais, seu processo de composição e ainda revelou que morre de amores por uma canção brasileira.

Para começar ela tira uma dúvida a respeito deste sobrenome, que já acompanhou lendas da música, mais notadamente a diva do jazz, Sarah Vaughn. Alex diz que seu sobrenome é esse sim, mas que ele é escrito da forma como se pronuncia, ou seja, Von. Na hora de escolher um nome artístico, ela optou por mudar a grafia.

Sobre o processo de composição, ela diz que seu iPhone é o maior aliado, já que é no aparelho que ela grava ideias de melodias e letras, e elas sempre surgem nos locais mais inusitados, nunca no estúdio de gravação.

Alex Vaughn

A respeito da temática pessoal de suas letras, a cantora demonstra que existe uma visão artística por trás delas. “Eu falo sobre como estou me sentindo e o que eu gostaria que falassem para mim quando me sinto de determinada maneira. Tudo vem de um local muito pessoal e de experiências pessoais. E sempre quero achar a solução (para as questões levantadas) e também o sentimento por trás delas. Eu quero fazer música para que eu também entenda (o que se passa) e que explique para o ouvinte que é possível evoluir e seguir em frente.”

Quando queremos saber qual seria a letra que mais lhe deu orgulho de ter feito, ela cita “So Be It“, uma das mais dolorosas faixas de “The Hurtbook”, ainda que com um lampejo de esperança.

Alex Vaughn

Vaughn agora faz parte da família LVRN, combinação de selo e empresa de gerenciamento de carreiras que também abriga também outros nomes que estão abrindo novos caminhos no R&B e/ou hip-hop, entre eles, a cantora Summer Walker, que participa do remix da já citada “So Be It”.

A entrada dela no time se deu de forma inusitada. Ela explica: “Durante a pandemia eu estava em casa tocando piano e eles estavam fazendo um show de talentos ao vivo no Instagram, e resolvi me apresentar. Eu nem sabia quem eles eram naquela época, ou o que podiam fazer. Eu só queria cantar para as pessoas, já que sou uma cantora e uma performer. Então cantei duas músicas, e na hora a gente já estava na mesma sintonia.”

Tivemos algumas conversas, mas como estávamos no meio da quarentena, acabamos perdemos o contato, mas tudo bem. Mais um tempo passou e eu fui para Los Angeles para me ambientar (Vaughn é natural do estado de Maryland).

Alex Vaughn

Ao mesmo tempo, meu empresário estava mostrando meu material para uma série de pessoas, e ele mostrou “Mirage” para o pessoal do LVRN e, quando menos se esperava, já estávamos ‘botando a tinta no papel'”.

Algo que fica claro ao se ouvir a música de Alex é de que ela certamente não é produto de alguém com pouco conhecimento e/ou domínio técnico. Daí não surpreende a informação de que ela teve aulas de piano (e não só) em seus anos de formação. Obviamente esse aprendizado se mostrou valioso quando ela percebeu que era esse o caminho que iria tomar.

“Essas aulas tiveram um enorme impacto na música que faço agora. Minha avó tinha um piano e eu sempre era atraída para o instrumento. Então ela me colocou para ter aulas e ali aprendi os fundamentos básicos do piano clássico, escalas e coisas assim. Minha professora infelizmente morreu, e o filho dela passou a me ensinar uma outra escola, a do jazz.

Alex Vaughn

“Aí, eu comecei a aprender sobre progressões de acordes, a tocar de ouvido e também sobre Stevie Wonder, Sarah Vaughn, Beatles, uma música universal e isso imediatamente expandiu meus horizontes.”

“Desde então, eu sempre tive um piano em casa e pude melhorar minha habilidade. Ao mesmo tempo eu entrei no ensino médio, comecei a ter meus sentimentos feridos (risos) então eu pude me sentar ao piano e começar a compor minhas músicas.”

Alex Vaughn

Dentro desse universo musical, não surpreende que um pouco de música brasileira também tenha entrado nesta receita e a suposição estava correta. Alex se lembra de quando tinha aulas de “história da música” e de como ela praticamente não guardou nada do que lhe ensinaram, com uma notável exceção.

“A gente teve que assistir, não era bem uma ópera, acho que se chamava (tenta pronunciar) ‘Manhã de.. Carnival’? E tinha essa música que ficou na minha cabeça (ela canta um trecho). Aliás eu nunca mais encontrei aquela versão e nem tive a oportunidade de rever o filme.”

A cantora certamente se refere a “Orfeu Negro” (ou “Orfeu do Carnaval”, de 1959). O filme de Marcel Camus ganhou a Palma de Ouro em Cannes além do Oscar de filme estrangeiro e apresentou o Brasil e nossa música para toda uma geração.

A canção que a marcou é “Manhã de Carnaval“, de Luiz Bonfá e Antônio Maria, ouvida no filme e que se tornou um standard do jazz mundial.

Vaughn é uma artista que está em evolução e sabe disso. Seu disco de estreia é a prova. Quando chegou a hora de selecionar o material que entraria no trabalho, ela tinha várias opções. Se no começo, sua vida amorosa, com todos os altos e baixos típicos da juventude, eram o tema central, com o tempo outras emoções foram aparecendo em seu caminho.

Alex Vaughn

“Conforme eu fui progredindo na carreira e dando esses grandes passos, como o de me mudar para LA, eu percebi que a dinâmica das minhas relações estava mudando. E isso foi além do amor, foi como comecei a enxergar as amizades, a mim mesma, e como vejo a vida. Esse material começou a tomar precedência em relação ao que eu tinha escrito lá no começo. Então fiz questão de selecionar as canções que abraçavam as emoções pelas quais eu estava passando durante esse período de ‘puberdade emocional’.

Todas músicas são histórias transparentes sobre como abraçar o turbilhão das emoções humanas e também achar maneiras divertidas de encará-las. A ordem das canções no disco, e como as produzimos, buscam mostrar que lidamos com sentimentos que podem pesar bastante e te botar pra baixo, mas eles podem te deixar mais forte e que podemos achar algo forte e divertido nessas emoções.

No final, todas as músicas buscam ajudar a retomar o poder dos sentimentos sobre os quais normalmente nos sentimos envergonhados.”

Escute “The Hurtbook”:

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