Álbuns clássicos de Stevie Wonder e Prince fazem aniversário. Relembre “Talking Book” e “1999”!
Ambos discos pegaram os mestres em pleno auge artístico e comercial
– Álbuns clássicos de Stevie Wonder e Prince fazem aniversário. Relembre “Talking Book” e “1999”!
Wonder começou ainda criança, seu disco de estreia foi lançado quando ele tinha apenas 12 anos e este foi seu 15° trabalho de estúdio. Dez anos depois, Prince Rogers Nelson não ficava atrás – este já era o quinto álbum dele, que vinha gravando desde os 19 anos com direito a total controle sobre os seus discos. Wonder só conseguiu esse direito aos 21 anos, quando se tornou maior de idade e deu início à sua chamada “fase imperial”.
“Fase imperial” é um termo que a imprensa britânica usa frequentemente para falar de artistas que lançaram vários discos de enorme qualidade e sucesso em sequência. No caso de Wonder, “Talking Book” é o segundo de uma série que começa em “Music Of my Mind” e teve ainda “Innervisions” (1973), “Fulfillingness’ First Finale” (1974) e “Songs in the Key of Life” (1976).
Prince já vinha mostrando uma enorme evolução em “Dirty Mind” (1980), seu primeiro grande LP, e “Controversy” (1981), mas foi com “1999” que ele chegou ao top 10 dos EUA e abriu caminho para outra sequência memorável de discos – “Purple Rain” (1984), “Around The World In A Day” (1985), “Parade” (1986) e “Sign O’ The Times” (1987).
Os dez anos de diferença, ainda mais nessa época, obviamente renderam discos que também são bem diferentes entre si. O de Wonder mostrava o compositor trabalhando, de maneira pioneira, com os primeiros, e caros, teclados eletrônicos.
Prince já vem de uma momento em que os sintetizadores e baterias eletrônicas faziam parte da rotina, ainda que, aqui, ele também tenha apresentado o “The Revolution” à banda que o acompanharia nos três discos subsequentes. Os dois também eram multi-instrumentistas e tocaram de tudo nas gravações de seus respectivos trabalhos.
“Talking Book” saiu como um disco de vinil simples e que “descia melhor” nos ouvidos, com suas 10 faixas e 43 minutos, que se dividiam entre as baladas e canções mais agitadas e/ou de protesto.
“1999” era bem mais experimental, com 11 faixas, somando 70 minutos, que precisaram ser abrigadas em dois disco de vinil com muito funk robótico e repetitivo entre as canções mais pop e de pegada soul. Ainda que a clássica faixa-título tratasse de um tema urgente, o medo de um desastre nuclear, Prince tinha mais interesse em falar sobre sexo e não via problema em esticar algumas de suas músicas por quase 10 minutos.
Diferenças e semelhanças à parte, o fato é que tanto “Talking Book” quanto “1999” entraram para aquele raro time de álbuns que, simultaneamente, agradaram ao público, aos críticos e se mostraram muito influentes nos anos e décadas seguintes.
“Talking Book” chegou ao terceiro lugar na parada dos EUA, seu melhor desempenho em quase uma década, foi eleito o 59° melhor álbum da história recentemente emplacou dois singles no topo do Hot 100 da Billboard: “You Are The Sunshine Of My Life” e “Superstition“.
“1999” chegou no sétimo lugar, está na 138° posição no ranking da Rolling Stone e teve três compactos de sucesso. Curiosamente “1999“, que é de longe a música mais ouvida do disco no Spotify, não foi além do 12° lugar. Na época, o grande hit do disco foi “Little Red Corvette“, que ficou no sexto posto, enquanto a não muito lembrada “Delirious” chegou ao oitavo.
“Talking Book” foi lançado em CD nos anos 80 e remasterizado em 2000, mas nunca ganhou um relançamento com faixas bônus. “1999” ganhou sua edição em Compact Disc em 1985, mas só ganhou uma remasterização em 2019, dois anos depois da morte do artista.
Para compensar, o que os fãs receberam foi algo que nem em seus melhores sonhos podiam imaginar: um pacote, em sua versão mais luxuosa, com cinco CDs com versões raras, faixas que estavam perdidas em velhos compactos, músicas ao vivo e, o melhor de tudo, mais de 20 músicas que foram gravadas durante esse período e estavam no famoso cofre onde o artista deixava todo o seu material não usado.
Para quem ainda tem alguma dúvida sobre a genialidade de Prince, recomenda-se uma audição nesse material. O cantor poderia ter lançado um disco totalmente diferente, e igualmente ótimo, se quisesse. Ao mesmo tempo, seu ritmo de produção era tão intenso que, quando chegou a hora de lançar o sucessor, ele já tinha outra sequência de músicas prontinhas para serem gravadas, entre elas “Let’s Go Crazy“, “When Doves Cry” e uma balada que ele batizou como “Purple Rain“.
Onde as carreiras dos dois se diferencia é nos anos seguintes. Wonder só lançou mais oito LPs depois de “Talking Book” – seu mais recente trabalho é de 2005. Prince seguiu lançando discos de maneira alucinada. Quando morreu, aos 59 anos, sua discografia oficial contabilizava 39 álbuns, incluindo alguns CDs duplos ou mesmo triplos. Desde então, esse número foi aumentado e a tendência é que aumente ainda mais.
Álbuns clássicos de Stevie Wonder e Prince fazem aniversário. Relembre “Talking Book” e “1999”!.
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