Relembre álbuns que mudaram a história do rock mesmo vendendo pouco no lançamento
Muitos discos tidos como clássicos nunca venderam muitas cópias, ou levaram anos para serem reconhecidos
– Relembre álbuns que mudaram a história do rock mesmo vendendo pouco no lançamento
Ao lados desses, também temos os casos de gente que pagou o preço por seu pioneirismo, e fizeram trabalhos que só foram compreendidos pelas gerações seguintes ou quando suas ideias foram reaproveitadas por outros nomes que atingiram o sucesso.
Abaixo lembramos de dez discos que venderam muito pouco quando comparados com a influência que deixaram, e ainda deixam, na música.
“Ramones” – Ramones (1976, n° 111 na Billboard)
Sim, o quarteto de Nova York que ensinou a gerações e gerações que era possível ter uma banda mesmo sem muita habilidade técnica e que criou um dos “gritos de guerra” mais emblemáticos do gênero, o “Hey Ho Let’s Go”, nunca vendeu discos na proporção de sua influência e importância.
Joey, Johnny, Dee Dee e Tommy Ramone podem ter mudado a história do rock, ou mesmo da música, mas nunca foram recompensados na mesma medida pelo que fizeram. Sim, eles foram muito bem recebidos na Inglaterra, como quase sempre é o caso, e, já nos anos 80 e 90, encontraram um exército fiel de fãs na América do Sul, mas nos EUA, o quarteto passou a sua carreira em busca de um sucesso que nunca veio e tocando em lugares infinitamente menores do que aqueles que lhes serviam de palco no Brasil ou na Argentina.
A estreia deles é tida como uma das mais influentes da segunda metade do século 20. Ainda assim, não conseguiu ir além do 111° lugar na Billboard. Hoje, 46 anos depois de lançado, ele tem somente um disco de ouro, o único deles além do conquistado pela coletânea “Ramonesmania”. O que, convenhamos, é muito pouco para quem fez tanto.
“The Velvet Underground & Nico” – The Velvet Underground (1967, n° 129 na Billboard)
Também de Nova York, o Velvet Underground ainda nos anos 60 antecipou o lado mais realista e cru que o rock tomaria nos anos seguintes. A banda de Lou Reed e John Cale chegou, em plena era hippie, com um visual que ia totalmente na contramão do que se via naqueles dias, com jeans, óculos escuros e a cara de poucos amigos.
Apesar de terem Andy Warhol como patrono, o primeiro álbum deles não conseguiu ir além do 129º lugar na Billboard. Algo até compreensível se pensarmos que ele sai na mesma época que “Sgt. Peppers”, dos Beatles, mas com letras falando sobre heroína, sadomasoquismo, paranoia e outros temas igualmente amenos. A música também não era lá muito agradável aos ouvidos, ainda que eles também conseguissem ter alguns momentos em que soavam quase pop, com uma produção suja e o uso deliberado de microfonias e distorções.
Como diria Brian Eno, esse disco vendeu poucas cópias, mas quem o ouviu formou uma banda. Um desses ouvintes foi David Bowie, que tão logo atingiu o sucesso sempre fez questão de falar sobre o Velvet e Lou Reed em entrevistas. Bowie produziu o disco solo mais bem sucedido de Lou (“Transformer”, de 1972) e pode ser creditado como o responsável maior por ter tirado o Velvet, que gravou ainda outros três discos de pouco sucesso, da obscuridade.
“The Stooges” – The Stooges (1969, n° 106 na Billboard)
Outra banda que acabou sendo descoberta anos depois por causa de David Bowie, os Stooges, assim como o Velvet Underground, também anteciparam o punk rock ainda nos anos 60. Mas se o VU tinha um verniz mais sofisticado e intelectual, o quarteto de Detroit era bem mais bronco, ainda que o vocalista Iggy Pop, apesar de toda loucura que demonstrava dentro e fora do palco, fosse uma pessoa bastante culta.
Os Stooges originais lançaram apenas dois discos, ambos, hoje, considerados clássicos. O primeiro chegou ao 106° lugar da Billboard. O segundo, “Funhouse”, de 1970, nem isso. A banda se separou, mas retornou em 1973, com a formação ligeiramente mudada, graças aos apelos de Bowie, que produziu “Raw Power”, igualmente clássico e também um fracasso de vendas (183° nos EUA, mas ao menos 44º no Reino Unido).
Pop, em seguida partiu para a carreira solo e hoje é reconhecido como uma lenda sobrevivente do rock tocando para grandes plateias. Na primeira década, deste século ele reativou os Stooges para uma série de shows antológicos e dois álbuns de pouca repercussão.
“Number 1 Record” – Big Star (não apareceu na parada)
Exemplo clássico de cult band, aquela que é ouvida por apenas um punhado de fãs que se esforçam para “espalhar a mensagem” para o maior número de pessoas possível. Fundado em 1971, o Big Star surgiu em plena era de rock progressivo e do hard rock com canções mais simples, inspiradas no rock da década passada.
Os críticos americanos adoraram a música feita pelo quarteto, liderado por Alex Chilton e Chris Bell, e os cobriram de elogios. Infelizmente, era literalmente impossível achar o disco nas lojas porque a Stax, responsável pela distribuição do disco, passava por um grave problema jurídico/financeiro. Assim, apesar de ter sido batizado como “Álbum número 1”, o trabalho não vendeu muito mais que uns poucos milhares de cópias.
Os outros dois discos da banda, esses já sem a presença de Bell, sofreram destino semelhante. Mas quem teve a chance de ouvi-los seguiu divulgando-os. Na era do punk, o Big Star começou a ser mais (re)conhecido depois que os discos foram relançados. A banda influenciaria futuros gigantes como o REM e 99.99 por cento das bandas de power pop. Na década de 90, o culto ao redor da banda era grande o bastante para convencer o misterioso Alex Chilton a reativar o grupo com o baterista original Jody Stephens e dois membros da banda The Posies. Chilton morreu em 2010, mas o culto em torno da “grande estrela” está longe de se apagar.
“Warehouse: Songs and Stories” – Husker Dü (1987, n° 117 na Billboard)
O Hüsker Dü começou como uma banda de hardcore, literalmente casca grossa, com canções ultra velozes e pouca sutileza. Aos poucos, o trio que tinha o guitarrista Bob Mould e o baixista Grant Hart (morto em 2017) como compositores foram acrescentando outras influências à sua música, deixando-a mais e mais palatável mas sem jamais perder a energia.
Não à toa, eles foram das primeiras bandas do underground americano a assinar com uma multinacional e havia a expectativa de que eles pudessem chegar ao maisntream. “Warehouse…” foi o segundo, e último, trabalho deles para a Warner. Um álbum duplo, forte, trazendo os dois compositores no auge de seus poderes, é difícil não se impressionar com ele logo na primeira audição. Infelizmente, a tensão entre Mould e Hart, que sempre foi alta, atingiu o seu pico logo depois do lançamento do disco causando o fim da banda.
“Warehouse” acabou não cumprindo todo o seu potencial, chegando apenas ao 117° posto da Billboard, mas está claro que Kurt Cobain, Rivers Cuomo, Dave Grohl, Billie Joe Armstrong e basicamente todo compositor de banda de rock alternativo que viu que misturar “punk com Beatles” era uma boa fórmula estavam prestando muita atenção aos discos do trio.
“Doollitle” – Pixies (1989, n° 98 na Billboard)
Na segunda metade dos anos 80, os Pixies eram a banda favorita de qualquer fã de rock mais antenado às novidades do gênero. Pena que esses fãs não existiam em um número tão grande assim, ao menos nos EUA. Assim, apesar da enorme influência e das várias capas de revistas e shows lotados na Europa, o quarteto liderado por Black Francis jamais conseguiu em sua encarnação original atingir com força o público dos EUA.
Já a fórmula da banda, que consistia em alternar momentos de calma e explosão, foi, e ainda é, muito imitada. Basta se lembrar de Kurt Cobain dizendo que, para ele, “Smells Like Teen Spirit” soava apenas como uma tentativa do Nirvana de copiar os Pixies.
O quarteto se separou em 1992, depois de terem lançado quatro álbuns e um mini-LP, todos top 10 no Reino Unido e não mais que top 70 nos EUA .
Em 2004, eles decidiram aceitar as excelentes ofertas para retornarem aos palcos. Os problemas entre Francis e a baixista Kim Deal logo voltaram, e ela os abandonou em 2013. A banda seguiu e se prepara para lançar o seu quarto álbum pós-retorno e também para voltar ao Brasil, eles tocarão em outubro no Rio de Janeiro e São Paulo.
“Grace” – Jeff Buckley (1994, n° 149 na Billboard)
Jeff Buckley era filho de Tim Buckley, cantor e compositor de grande talento, originalidade e alcance vocal, morto em 1975, vitimado por uma overdose. Jeff também era dono de uma voz única e tinha um gosto musical amplo e variado, de Nina Simone aos Smiths, passando por músicas de devoção do islamismo sufi e muito mais.
Após anos tentando se firmar como cantor, ele teve sua grande chance em um show em tributo ao seu pai, acontecido em 1991 quando sua voz surpreendeu todos os presentes. Jeff segue trabalhando em sua música e quando chega a hora de lançar seu disco de estreia, ele já é, assim como seu pai, um enorme talento, dono de uma voz excepcional e de um repertório surpreendente, seja de material original ou de covers nada óbvias.
“Grace” saiu em 1994, em plena era do grunge, e não achou o seu público. O álbum, apesar de brilhante, não ultrapassa a posição de 149 da Billboard. Mas quem o viu, ou ouviu, não se esqueceu. Dos ex-Led Zeppelin, Robert Plant e Jimmy Page a Thom Yorke, do Radiohead, o talento de Jeff Buckley tocou muita gente.
A carreira de Jeff foi tristemente interrompida em maio de 1997 depois que ele deu um mergulho no Rio Mississipi, justamente enquanto trabalhava naquele que seria seu segundo álbum, e não retornou.
Após a sua morte, “Grace” ganhou mais tração e se tornou efetivamente um clássico, hoje ele já é disco de platina nos EUA graças em especial à sua versão de “Hallelujah“, de Leonard Cohen, que transformou a música nesse grande standard do século 21.
Relembre álbuns que mudaram a história do rock mesmo vendendo pouco no lançamento.
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