Há 50 anos os Scorpions estreavam disco. Relembre este e outros clássicos do rock alemão
País gerou uma série de nomes que trilharam caminhos jamais percorridos por nenhuma banda de rock até então
– Há 50 anos os Scorpions estreavam disco. Relembre este e outros clássicos do rock alemão
A banda foi formada pelo guitarrista Rudolf Schenker em um longínquo 1965, mas só virou algo de fato sério e profissional com a chegada do vocalista Klaus Meine (abaixo) em 1969 – os dois seguem na banda até os dias de hoje. O primeiro disco foi gravado com um dos produtores mais visionários da história, Conny Plank, e é ele quem dá o clima mais experimental e assustador para boa parte de suas músicas que acabou gerando um produto um tanto esquizofrênico, mas inegavelmente fascinante quando a banda, que já mostrava predileção pelo hard rock e o blues mais pesado, acaba se chocando com o lado mais cerebral do produtor.
Com apenas sete músicas e uma faixa título com 13 minutos de duração, é mais do que certo que quem escutou “Lonesome Crow” na época de seu lançamento não deve ter imaginado que surgia ali um dos maiores produtos de exportação do país, ainda que possam ter sentido que aquele garoto de apenas 16 anos chamado Michael Schenker era bastante promissor.
Tanto que logo ele já estaria tocando com os ingleses do UFO, onde permaneceu até 1979. Nesse mesmo ano, Schenker retornou, por um curto período, à “nave mãe”. Foi justamente quando eles gravaram “Lovedrive”, o sexto álbum e o primeiro a finalmente fazer sucesso, local e mundial, ao trazer o som que os caracterizaria dali por diante.
Ouça:
Outros Clássicos
O rock alemão que começa a ser desenvolvido no final dos anos 60, e floresceria na década seguinte, é um dos mais cultuados do mundo. E não sem razão, afinal é difícil achar tantas bandas que apostaram tanto na vanguarda e no experimentalismo quanto as do chamado “Krautrock”. Veja outras quatro que também lançaram discos em 1972.
Uma das bandas mais fascinantes de todos os tempos, o Can fazia música de natureza improvisada. Holger Czukay (baixo), Michael Karoli (guitarra), o “metrônomo humano” Jaki Liebezeit (bateria) e Irmin Schmidt (teclados), passavam horas tocando enquanto japonês Damo Suzuki encaixava sua voz mais como um quinto instrumentista do que efetivamente um homem de frente. As horas de gravação eram então editadas, na base da gilete e cola!, e assim nasciam os discos da banda.
“Ege Bamyas”, lançado em novembro, é o terceiro de uma sequência de quatro discos impecáveis e talvez seja o melhor deles, a disputa direta é com o anterior “Tago Mago”, e o posterior, “Future Days”. Indiscutivelmente ele é o mais “acessível” desta fase e, portanto, o melhor ponto de entrada para este universo. Foi daqui que saiu “Vitamin C“, o mais próximo que eles chegaram de uma canção “convencional” e de um hit single.
A estreia do Neu!
Formado por Klaus Dinger e Michael Rother depois que deixaram o Kraftwerk, o Neu! se mostrou o exemplo de banda visionária, daquelas que só são minimamente compreendidas muitos anos depois de terem encerrado suas atividades. David Bowie, sempre antenado na vanguarda, também era fã – algo que pode ser percebido nos discos da “fase Berlim” do músico, especialmente em “Low” (e não ignore o fato de que eles lançaram uma música chamada “Hero” em 1975, em seu terceiro, e último álbum em sua encarnação original).
O Neu! fazia um som instrumental e hipnótico que, obviamente, não era para as grandes massas. O produtor Conny Plank, mais uma vez, também era quase um terceiro membro e foi figura fundamental para dar vida às composições de Dinger e Rother.
Um bom disco para se entrar no universo do krautrock, “Neu!” é experimental, mas bem menos que o segundo LP. Este trazia no lado B os músicos “brincando” com um single já lançado, alterando a gravação original com um gravador – algo que os coloca, sem querer, como precursores do remix, ainda que, na verdade, eles tenham feito isso porque a verba para as gravações tinha acabado. “Neu! 75” é igualmente excelente e o mais melódico e acessível deste trio de LPs.
“Faust So Far”, do Faust
Em uma cena em que o estranho era não ser radical, o Faust se superava, levando sua música ao limite – eles também podem usar chapas de metal, britadeiras, motosserras e maçaricos como “instrumentos”.
A banda tem uma história confusa, tanto que existem dois “Fausts” em atuação, um, liderado por Jean-Hervé Péron e Werner “Zappi” Diermaier, e o outro por Hans Joachim Irmler’.
“So Far” não é o disco mais vendido ou cultuado dos quatro que eles lançaram em sua encarnação original, os méritos aqui vão para “The Faust Tapes” e “IV”, mas é, sem muita discussão, o mais acessível deles – obviamente ampliando bastante o conceito de “acessibilidade”.
Depois da estreia, com apenas três músicas – com oito, nove e dezesseis minutos – que, claro, não fez muito sucesso, eles decidiram fazer algo mais “pop”. Um álbum com nove canções (sendo duas com pouco mais de 40 segundos) em estilos diversos, incluindo algumas que, quase, esbarram no pop/rock mais convencional. A climática “It’s a Rainy Day, Sunshine Girl” se tornou umas das canções símbolo não só da banda mas de todo o rock alemão.
Há 50 anos os Scorpions estreavam disco. Relembre este e outros clássicos do rock alemão.
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