Entenda o Fleetwood Mac em cinco músicas fundamentais
Fundada na década de 60, banda tem umas das carreiras mais inusitadas da história
– Entenda o Fleetwood Mac em cinco músicas fundamentais
Também não é nada comum ver uma banda estourar depois de dez álbuns e com um som, e formação, radicalmente diferente daquele do começo de carreira. Mas são essas peculiaridades que os tornam tão fascinantes, além do eterno clima de confusão que sempre os cercou – além de brigas entre ex-casais, há também membros que abandonaram o FM com problemas mentais e até um que se juntou a um culto religioso e acabou no Brasil.
Obviamente não dá para resumir uma carreira de 18 álbuns, lançados entre 1969 e 2003, mais vários singles em apenas cinco canções, mas as que mostramos abaixo traçam um perfil das várias facetas que o grupo teve em uma história que ainda está em desenvolvimento.
“Oh Well” – 1969
Quando lançou seu primeiro álbum, em 1968, o FM era uma banda dedicada ao blues, e uma das melhores a fazer esse som tipicamente americano no Reino Unido, graças ao líder, o guitarrista Peter Green, morto no ano passado aos 73 anos, dono de um enorme lirismo e técnica. Os dois primeiros álbuns da banda seguiram dentro desse formato, mas os singles mostravam que havia mais caminhos a serem explorados.
“Albatross“, um climático instrumental, chegou ao topo da parada britânica em 1968 – algo que eles nunca mais alcançaram por lá. No ano seguinte eles lançaram mais dois compactos fundamentais. “Man Of The World“, onde Green já deixava claro, em sua letra confessional, que algo não andava bem, e “Oh Well“, canção pesada, com um dos grandes riffs do rock e a primeira deles a aparecer na parada de singles dos EUA.
O som do FM começa a se expandir no terceiro trabalho de estúdio, “Then Play On”, o último a contar com Green e o primeiro com o guitarrista Danny Kirwan, que compôs metade de suas músicas.
“Sentimental Lady” – 1972
Sem Green e o guitarrista Jeremy Spencer, o FM dá uma guinada estilística com as entradas de Bob Welch e Christine McVie, a tecladista e compositora que era casada com John McVie. O som se torna mais melódico, quase etéreo e mais pop.
Não que isso tenha significado um aumento de vendas. A banda sempre sobreviveu no limite, mas, ainda assim, lançou seis álbuns nessa fase, que é a menos conhecida e certamente irregular, de sua trajetória. A balada “Sentimental Lady” é uma das melhores dessa época e faria ainda mais sucesso em 1977 quando Welch, então já fora da banda, a regravou em sua carreira solo, curiosamente com a participação de três integrantes do FM: Mick Fleetwood, Christine McVie, que também estão na versão original, e o guitarrista Lindsey Buckingham.
“Dreams – 1977
Em 1975, o FM estava reduzido a Fleetwood e o ainda casal John e Christine McVie. Baseados nos EUA, onde tinham mais público do que na Inglaterra, eles toparam, quase que por acidente, com uma dupla que mudaraia para sempre a história da banda, e também da música pop: Lindsey Buckingham e Stevie Nicks.
Os dois, que na época namoravam, haviam gravado um álbum que havia passado despercebido por público e crítica. Por um golpe do destino, Fleetwood ouviu o disco quando estava no estúdio Sound City. O engenheiro de som do local a usou como exemplo da sonoridade que se poderia conseguir caso a banda resolvesse gravar ali. Mick gostou do que ouviu e quis conhecer o cantor da faixa.
Apresentações feitas assim como o convite para entrar no FM, Buckingham disse que só topava se Nicks também fosse aceita. O FM passa então a ter três compositores e abraça de vez o soft rock de clima californiano.
O primeiro álbum com esse lineup não faz sucesso logo de cara, mas os cinco vão para o tudo ou nada, fazendo shows e mais shows pela América na tentativa de fazer o disco vingar, e eles conseguem. “Fleetwood Mac” começou sua trajetória no 186° lugar da Billboard em agosto de 1975. Em setembro do ano seguinte, ele chegou ao número 1.
O caminho estava preparado para que o próximo álbum os elevasse a um outro patamar. O problema é que os integrantes não podiam estar em pior situação. Os McVie haviam se separado, assim como Nicks e Buckingham. Para “não ficar de fora”, Mick Fleetwood também se divorciou. Some aí os seis meses de exaustivas gravações, Nicks, Buckingham e McVie escrevendo indiretas em forma de canção e o consumo desenfreado de cocaína e champanhe e tinha-se a receita perfeita para um desastre.
Mas não foi isso que aconteceu. “Rumours” passou 31 semanas não consecutivas no topo da Billboard. Nos EUA as vendas já ultrapassaram as 20 milhões de cópias, coisa que apenas outros cinco discos conseguiram, entre eles “Thriller”, de Michael Jackson, e “Back In Black”, do AC/DC.
Ele também teve quatro de suas músicas no top 10, sendo que “Dreams”, composta por Nicks, foi o único número 1 de toda a carreira deles. A música voltou a fazer sucesso no ano passado depois que viralizou no TikTok e levou mais uma geração a conhecer o trabalho da banda.
“Tusk” – 1979
Buckingham tomos as rédeas no trabalho seguinte. Com a cabeça vidrada no som feito pelas bandas do pós-punk britânico, ele levou o FM por uma viagem mais experimental, ainda que, obviamente, não tão radical quanto a feita pelas bandas inglesas, como o PIL – se bem que nem eles tiveram a ideia de usar uma caixa de lenço de papel como percussão.
Quando saiu, “Tusk”, causou estranheza e, claro, não vendeu tanto quanto o antecessor, algo que, de resto, seria mesmo praticamente impossível. O álbum duplo chegou ao número 1, mas “só” alcançou a marca de platina dupla. Ainda assim, ele se tornou um disco cult e muito respeitado, até por não ser nada comum ver uma banda dessa estatura se arriscando desta maneira. A faixa-título, composta por Buckingham, é daquelas que bandas de rock alternativo gostam de tocar e chegou ao top 10 tanto dos EUA quanto do Reino Unido. Ou seja, nada mal para um “trabalho difícil”.
“Everywhere” – 1987
Os anos 80 foram de fragmentação para o quinteto. Nicks se lançou, com sucesso, em careira solo, e Buckingham também lançou bons trabalhos longe do grupo. “Mirage”, de 1982, se mostrou um álbum simpático e não mais que isso, e o futuro do FM parecia incerto. “Tango In The Night”, o derradeiro trabalho de estúdio com o quinteto clássico, começou como um trabalho solo de Lindsey antes de virar um projeto da banda.
O álbum tem atípica sonoridade oitentista, o que pode afastar alguns ouvintes, mas as composições têm um bom nível e músicas de alto nível dos três compositores. “Everywhere” foi escrita por Christine e chegou ao número 4 no Reino Unido, o melhor desempenho deles no ranking desde 1969. Nos EUA, “Tango In The Night” ficou no sétimo lugar, mas quatro de seus singles ficaram no top 20.
Buckingham deixou a banda antes mesmo da turnê começar e Nicks os deixaria em 91. O quinteto se reuniu em 1997 quando lançaram o ao vivo “The Dance”, antes eles se juntaram para tocar na festa da eleição de Bill Clinton, e saíram em turnê. Cansada, McVie decidiu se aposentar em 1998. Em 2003, o FM, como quarteto, lançou “Say you Will”, até o momento o último disco de estúdio.
Mas a história não acabou por aí. Em 2014, Christine cansou de ficar em casa e retornou ao grupo, mas aí foi a vez de Nicks obrigar Lindsey a deixar o FM – cansada de certas atitudes do ex-companheiro. Na última vez que saíram em turnê, a banda tinha Neil Finn, do Crowded House, e o ex-guitarrista de Tom Petty (um dos maiores amigos que Nicks fez em sua vida), Mike Campbell na formação.
Lindsey lançou um disco solo bastante elogiado há poucos meses e Peter Green se foi no ano passado. Outros ex-integrantes, Bob Welch (2012), Bob Weston (2012) e Danny Kirwan (2018), também se foram. Mick Fleetwood ainda assim tem sonhos, e o maior deles é o de conseguir juntar todos os ex-integrantes em um mesmo palco para celebrar essa história única.
Entenda o Fleetwood Mac em cinco músicas fundamentais.
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