Velho Olho do Mar lança disco desafiador, visceral e arrojado
Atualmente pelos músicos Kacco Sousa (voz/guitarra), Alisson Moura (guitarra), Carlos Maciel (baixo) e Rommel Calixto (voz/bateria), a banda Velho Olho do Mar é natural de Fortaleza (CE). O nome, inclusive, foi inspirado no antigo Farol do Mucuripe, uma das edificações mais importantes do Nordeste brasileiro.
Em 2019 o quarteto lançou seu EP de estreia, Homem Invisível. A obra conta com cinco faixas autorais, que soam modernas, viscerais e vigorosas. Por suas vezes, com um tom ácidas e desafiador, as letras são produto da observação do comportamento humano e das suas relações com os demais no mundo cotidiano. O resultado final é um punhado de canções que além de originais, “metem o dedo nas feridas”.
O EP já começa com Anônimos, uma música que coloca as pessoas preguiçosas em seus devidos lugares. “Exemplar brasileiro, reza e faz promessa pro seu time ganhar/Mas acordar cedo e dar duro o dia inteiro é castigo demais”, diz um trecho da letra. Em outro momento, Kacco cutuca a turma que não “sabe nem onde quer chegar/Não lê jornal por preguiça de pensar/Vota errado e é preocupado com o programa do seu fim de semana”. Na sequência, a faixa título dispara uma metralhadora de versos na direção do cidadão que mudar o mundo via ativismo feito em redes sociais. Guardadas as devidas proporções, se ainda estivessem por aqui, Raul Seixas ou Cazuza certamente teriam uma letra no estilo de Homem Invisível.
Na dançante A Janela, que certamente deve ser um dos momentos mais divertidos do show dos caras, a conversa é sobre encarar a crueldade do mundo. Conduzida por um arranjo de bateria matador e cheio de nuances, essa canção é sobre queres crescer, evoluir e encarar as dores e delícias desse lugar chamado mundo. Já em Devaneio, cuja introdução lembra Everybody Hurts – hit do R.E.M. – , o EP troca a acidez por uma reflexão mais sutil e encontra seu momento mais doce de autocrítica.
Por fim, mas não menos importante: Homem Invisível é daquele tipo de trabalho que modifica as nossas visões acerca do mundo ao redor. Quando terminar a primeira audição, você automaticamente vai mergulhar em uma série de questionamentos existenciais e, inevitavelmente, tentará descobrindo se está vivendo pra valer ou apenas fazendo figuração nesse jogo que a sociedade.
Trocando em miúdos, podemos entender que o EP de estreia da banda Velho Olho do Mar chegou para incomodar as pessoas que passam pela vida encenando uma realidade. Por um rock com mais músicas inteligentes, desafiadoras, autocríticas e instigantes. Parabéns, rapazes! Vocês venceram.
Velho Olho do Mar lança disco desafiador, visceral e arrojado
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