Novo disco da Facção Caipira coloca o rock na prateleira de cima da novíssima música brasileira
Por volta de 10 anos atrás, a cidade de Niterói foi o berço do power trio Facção Caipira. Trazendo em sua formação os músicos Vinícius Câmara (baixo), Jan Santoro (guitarra/voz) e Renan Carriço (bateria), o grupo faz um som que mistura stoner rock com brega, toma uma cerveja com o blues e se joga no frevo, marchinhas e outros atrevimentos sonoros brasileiros.
Em 2019 a Facção lançou seu segundo disco, Do Lugar Onde Estou Já Fui Embora. Com 13 faixas inéditas, o álbum foi gravado no lendário estúdio Toca do Bandido, reduto do rock feito no Rio de Janeiro.
Os trabalhos começam com a convidativa introdução de bateria da música Um Dia De Festa, uma canção cuja dramaticidade da interpretação resulta em uma obra hipnótica, instigante e cheia de intensidade. Se você é do tipo que abandona a audição de um disco se não gostar da primeira canção apresentada, essa ótima abertura é o que você precisa ouvir.
Na sequência, a música Fim mantém a vibe “pé na porta”. A dinâmica dessa faixa é dum acerto fora do comum. É realmente louvável o jeito que eles conseguiram reunir guitarras viscerais, batida pulsante da batera e baixo que parece fazer solos em 4’50” de música. De quebra, a letra é um ótimo jeito de mostrar que roqueiro também sabe transformar fim de relacionamento em arte. Ponto pros caras! Com muito bom gosto, a marcha Vaidade fecha a primeira trinca de músicas do álbum. Em tempos de banalidades e inversões de valores, essa canção é uma forma dançante e divertida para explicar aos jovens que as coisas do coração não foram achadas no aterro sanitário.
O blues Carne Viva é quase um herança “titanomania”. Com muita competência, o vocal relembra os grandes momentos da banda Titãs. Proposital ou não, o power trio resgatou um dos momentos mais emblemáticos do rock feito no Brasil. Por suas vezes, os riffs vigorosos e as viradas de bateria cinematograficamente desenhadas fazem da faixa Ciúme a melhor resposta para a piada de péssimo gosto que é a tal da morte do rock brasileiro.
Outro momento interessante do disco é a canção Inesperado, cujo o clima de filme de bang-bang mostra a pluralidade artística do trio. Se essa toada for reproduzida ao vivo, o lado “Caipira” da “Facção” será ainda mais evidenciado e festejado. Novamente na base da “bluesão”, o disco caminha para o final com a estonteante Dispara, uma faixa cuja letra e o arranjo mostram que o blues realmente é a dor feita para curar a dor.
Por fim, mas não menos importante: Do Lugar Onde Estou Já Fui Embora não é apenas mais um álbum de rock. Trata-se de um trabalho que mostra maturidade, coerência, apuro técnico dos músicos, entrosamento e uma imensa versatilidade artística.
A audição completa do disco deixa bem claro que estamos lidando com um power trio que dita as regas do próprio trabalho. O som não foi feito pensando no sucesso, mas sim na longevidade da carreira. Quando a Facção completar 20 anos, essa obra será ouvida com o mesmo prazer, pois, a originalidade faz com que as músicas resistam ao teste do tempo.
Se você anda pessimista em relação aos rumos do rock, saiba que a Facção Caipira é a garantia de que o estilo ocupa um espaço na prateleira de cima na prateleira da novíssima música brasileira.
Novo disco da Facção Caipira coloca o rock na prateleira de cima da novíssima música brasileira
Patrocinado
Manto da Akatsuki Naruto Shippuden
por R$ 71,10
(21% de desconto)
16 Avalições Positivas!