Blues da Casa Torta: uma preciosidade sonora da cena autoral de Porto Alegre
O rock brasileiro sempre teve na escola gaúcha um de seus grandes pólos exportadores de talentos. Sem exageros, afirmo que posso passar o dia inteiro listando nomes e, ainda assim, o espaço será insuficiente. No post de hoje, no entanto, vou te aplicar o som de um power trio que faz um som espetacular! Sim, tô falando da galera do Blues da Casa Torta.
Formada por por Bernardo Scarton (guitarra/ voz), Filipe Siak (baixo/vocal) e Hamilton Felix (bateria/vocal), a trinca mais “trilegal” [entendedores entenderão]mais bacana do blues/rock atual surgiu em Porto Alegre (RS), no ano de 2013. Ao longo desses seis anos, o trio já lançou o EP Desventuras (2016) e o álbum O Tempo (2017).
O som do Blues da Casa Torta é um festival para as sentidos. Investindo no lado autoral da coisa, a banda mostra bastante domínio na hora de mesclar o blues e suas variáveis, – como boogie e jump blues – com outras vertentes musicais, como, por exemplo, sonoridades brasileiras, rock clássico e a inconfundível pegada do rock gaúcho.
No que diz respeito às letras, o trio entrega um compilado de histórias cotidianas, sempre com apelo reflexivo e irônico. A faixa Me Assaltaram na Esquina, por exemplo, relata um tipo de drama que o cidadão brasileiro vive diariamente: a falta de segurança. Já em Bus Lotado, a crítica é toda endereçada ao caos que é a mobilidade urbana nas grandes/pequenas e médias cidades brasileiras. Spoiler: em um determinado momento da canção, os caras mostram a perfeita conexão harmônica que há entre o blues e o baião.
Outra faixa sensacional é O Rei do Camarote. Além do charme da gaita e do arranjo de guitarras que remete ao blues da escola de Stevie Ray Vaughan e John Mayer essa música é um dedo na ferida da ostentação. Dica: o air guitar durante a audição dessa música é inevitável. Já a música O Tempo é um exercício que te ajuda a deixar de lado qualquer “complexo de Peter Pan”. Ser gente grande não dói, não é errado e é tão certo “como dois e dois são cinco” – como diz o blues que o Caetano escreveu pro Roberto.
À sua maneira, sem dramas, no final das contas, eles categoricamente mostram que o blues é realmente a dor feita para curar a dor. Porém, todavia, contudo, as músicas não são deprimentes, nem sofríveis e menos ainda escandalosamente apelativas.
Depois de ouvir e reouvir o trabalho do Blues da Casa Torta, só consigo ter um pensamento: se esses guris passarem na minha cidade, não perco o show por nada nesse mundo. E se eu fosse você, também ficaria de olhos e ouvidos no trabalho desse power trio “afudê“.
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