Ouça sete discos “assustadores” para curtir o Halloween
Lista vai de Kiss a trilha de filme de horror
– Ouça sete discos “assustadores” para curtir o Halloween
Já no final dos anos 60, foi o Black Sabbath que deliberadamente começou a criar uma música que desse medo no ouvinte – como disse o baixista Geezer Butler ao ver uma enorme fila em um cinema que exibia um filme de horror, cujo título acabou batizando a sua banda, “foi quando eu percebi como as pessoas gostavam de ficar amedrontadas.”
A década de 70 foi marcada pela ascensão de nomes como Alice Cooper ou Kiss que passaram a lotar estádios com seus shows cheios de teatralidade. Já no underground, durante o punk, os Cramps criaram a estética psychobilly, ao misturar rock dos anos 50, psicodelia e letras inspiradas em antigos filmes B.
Esses são apenas alguns exemplos que mostram como o rock combina com o Halloween, comemorado no dia de hoje (31). Abaixo mostramos sete discos que têm tudo a ver com o dia de hoje.
“Killer” – Alice Cooper – 1971
Entre 1971 e 1973, o Alice Cooper (na época uma banda que levava o nome de seu cantor), lançou quatro discos fundamentais e que fizeram deles extremamente populares em todo o mundo, graças especialmente aos seus shows. Esses incluíam bonecas sendo cortadas por uma espada, uma jiboia e, ao final, a decapitação de seu vocalista (um número que ainda hoje faz parte das apresentações do cantor).
“Killer”, foi o segundo álbum dessa série antológica de discos (e o quarto deles no geral) e tinha músicas como “Dead Babies“, “Halo Of Flies” e a arrepiante faixa título.
“Destroyer” – Kiss – 1976
O “demônio”, a “criança das estrelas”, o “gato” e o “homem do espaço”, ou melhor dizendo, Gene Simmons, Paul Stanley, Peter Criss e Ace Frehley levaram ao máximo a união do rock com o teatro e outros aspectos da cultura pop – como as histórias em quadrinhos e o cinema de terror – e atingiram o megaestrelato na segunda metade da década de 70, mesmo recebendo nada além de escárnio dos críticos e fãs de “música séria”.
“Destroyer” é o quarto disco de estúdio deles e saiu depois de “Alive”, que finalmente os levou ao sucesso de público. Produzido pelo mesmo Bob Ezrin que havia já dado o seu toque aos álbuns de Alice Cooper (e também ao realmente assustador “Berlin” de Lou Reed), esse é o trabalho mais elaborado do quarteto, com arranjos mais elaborados e o uso de efeitos de estúdio.
Foi daqui também que saiu “God Of Thunder“, composta por Paul (o “Starchild”), mas que acabou se tornando a marca registrada de Gene (o “Demon”), especialmente depois que passou a ser usada no momento mais “Halloween” dos shows, aquele em que o baixista cospe “sangue” e “levanta voo”.
“Tubular Bells” – Mike Oldfield – 1973
Esse disco instrumental lançado em 1973 vendeu milhões e milhões de cópias e foi fundamental para ajudar Richard Branson a se tornar um dos homens mais ricos do planta. Isso porque ele foi o primeiro disco da Virgin, que começou como uma gravadora independente e hoje d'[a nome a um conglomerado de empresas.
Oldfield certamente não compôs essa suíte com a intenção de assustar ninguém, mas foi isso que aconteceu depois que seu primeiro movimento foi usado na abertura de “O Exorcista”, filme que invariavelmente é lembrado como o mais assustador já feito. O fato é que é difícil dissociar a música do longa dirigido por William Friedkin em 1973.
Os Cramps surgiram em 1976, cria do casal Lux Interior (vocal) e Poison Ivy (guitarra), ambos adoradores do “lixo americano” – eles viviam rodeados de discos e filmes antigos e de tudo o que se pode imaginar que seria considerado bizarro e de “mau gosto” pelas pessoas ditas sãs.
Nos 33 anos que seguiram eles (e uma série de outros músicos) se mantiveram fieis ao espírito original de fazer rock dos anos 50 com espírito punk e letras sobre monstros, filmes classe B, especialmente os de terror e sexo, sempre com muito bom humor.
Essa coletânea saiu em 1983 e junta vários dos grandes momentos da primeira fase da banda que chegou ao final em 2009 com a morte de Lux.
Murder Ballads – Nick Cave – 1996
O australiano Cave despontou no início dos anos 80 com o inclassificável Birthday Party, uma das bandas mais violentas da época e que acabou se tornando uma das favoritas dos góticos, ainda que eles não tivessem muito a ver musicalmente com as bandas daquela cena vampiresca.
Em careira solo, Nick, que fez um elogiado show em São Paulo há poucas semanas, gravou discos marcados pela forte influência do blues, folk, country e pelas baladas derramadas, ainda que o som criado por ele com os Bad Seeds soe bastante original.
Grande letrista, Cave tem um certo fascínio pela violência e em 1996 ele resolveu exacerbar essa sua faceta com um disco (quase) totalmente dedicado às “baladas de assassinato” – um subgênero da música folk que lida apenas com temática criminal.
O disco fez sucesso na época, ajudando-o a se tornar mais conhecido do grande público, e rendeu muitas matérias em jornais e revistas descrevendo as histórias de suas letras e até a “contagem de corpos” total.
“Meliora” – Ghost – 2016
O Ghost surgiu na década passada na Suécia e logo causaram impacto ao juntarem ocultismo, rock pesado, boas melodias e um visual impactante. A ideia era que não se soubesse quem eram eles (o vocalista se chamava Papa Emeritus e os músicos se apresentavam com máscaras idênticas). A brincadeira só acabou chegando ao fim depois que alguns membros resolveram processar o seu líder e foi revelado que o grupo era uma criação de Tobias Forge.
Apesar disso, o Ghost mantem o clima de horror em seus discos e shows – Forge agora o “Cardinal Copia” – e segue fazendo uma música que desafia rótulos – o que leva alguns fãs de heavy metal mais casca grossa a achar o som deles “leve”, ao mesmo tempo que também assusta muita gente que gosta de rock mais tradicional, mas acha que eles só fazem música extrema.
Para quem está em qualquer um desses lados fica o convite para se ouvir o ótimo “Meliora” de 2016 e um dos grandes discos de rock desta década
“Suspiria” – Thom Yorke – 2018
O “Giallo”, nome pelo qual o cinema de horror italiano é conhecido, vem sendo bastante cultuado, especialmente o feito nos anos 70. Tanto ou mais que os filmes, há um grande mercado também para a as trilhas sonoras desses longas, graças ao clima assustador e experimental de muitas delas.
“Suspiria” de 1977 dirigido por Dario Argento é um dos grande clássicos do gênero. Tanto que ele acabou de ganhar uma nova versão feita por Luca Guadagnino (de “Me Chame Pelo Seu Nome” do ano passado) e com trilha sonora assinada por Thom Yorke.
O vocalista do Radiohead caprichou, ao criar uma série de composições que causam sensação de medo no ouvinte (e que devem funcionar ainda mais no filme). Para quem curtir vale também escutra o álbum com as músicas do “Suspiria” original dos anos 70 feita pela banda progressiva Goblin.
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