Miguel Marques
Enquanto a prata luzia
Entre os ramos da figueira
Lentamente fui bordando
Esta milonga campeira
Intercalando silêncios
Com acordes naturais
Dei cancha à goela da noite
E às vozes dos mananciais
Milonga da noite
Milonga da lua
Cantar de fronteira
Compasso charrua
Por mais que te aponte em lugares comuns
Jamais te enjeito de jeito nenhum
Temendo assustar os grilos
Evitei as dissonâncias
Pois em derradeira instância
Queria o seu contracanto
E a noite já bem madura
Se fez regente xirua
Notando em clave de lua
Escreveu a partitura
Pressentindo que a noite
De paixão se consumia
Um galo madrugador
Chamou a barra do dia
E veio então em silêncio
Tal como fez a guitarra
Fui cevar um mate novo
Ouvindo o som das cigarras
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