Fado Malhoa

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Amalia Rodrigues

Alguém que Deus já lá tem, pintor consagrado

Que foi bem grande e nos doi já ser do passado

Pintou numa tela com arte e com vida

A trova mais bela da terra mais querida

Subiu a um quarto que viu à luz do petróleo

E fez o mais português dos quadros a óleo

Um Zé de Samarra, com a amante a seu lado

Com os dedos agarra, percorre a guitarra

E ali vê-se o fado

Faz rir a ideia de ouvir com os olhos, senhores

Fará, mas não p’ra quem já o viu mas em cores

Há vozes da Alfama naquela pintura

E a banza derrama canções de amargura

Dali vos digo que ouvi a voz que se esmera

Boçal dum Faia banal, cantando a Severa

Aquilo é bairrista, aquilo é Lisboa

Boémia e fadista aquilo é de artista

Aquilo é Malhoa

Aquilo é bairrista, aquilo é Lisboa

Boémia e fadista aquilo é de artista

E aquilo é Malhoa


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