Sua carreira está pronta para o midstream? Saiba mais sobre essa tendência

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Sua carreira está pronta para o midstream? Saiba mais sobre essa tendência

A indústria fonográfica é um perfeito exemplo de “metamorfose ambulante”. De tempos em tempos, tendências surgem e enterram as “velhas opiniões formadas sobre tudo”.

Relativamente novo no mercado, o midstream é uma das bolas da vez. Você conhece esse rolê? Será que sua carreira caminha nessa direção? No post de hoje, essas e outras questões serão entendidas.

Vamos lá?

A gênese da coisa

Para entendermos qual é a desse termo, precisamos voltar no começo do século. Em algum momento da primeira década dos anos 2000, um gênero começou a ganhar ibope no meio musical. Sim: estamos falando do indie.

 Los Hermanos é uma banda de total importância para o Los Hermanos

A banda Los Hermanos fez parte da transição do indie para o midstream (Caroline Bittencourt/Divulgação)

Para muitos considerado uma linhagem infiel do rock, mas para outros apontados como um sopro de vida, o indie categorizava os nomes da música que davam as cartas nas cenas nacional e gringa. Só pra citar algumas bandas, vamos de The Killers, Strokes e Los Hermanos.

O tempo passou e com ele veio as tradicionais mudanças no cenário. Como consequência, os festivais e as redes meio que aposentaram o termo indie e têm mirado o foco em uma nova nomenclatura, o midstream.

O que é e quem faz midstream

A mudança da alcunha indie para midstream não é apenas o surgimento de uma palavrinha nova em nosso vocabulário. Estamos falando de um novo conceito.

A primeira denominação tratava do caráter independente dos artistas, trabalhando longe dos domínios das grandes gravadoras. Acontece, porém, que esse termo tornou-se insuficiente para simbolizar as escolhas estéticas desses artistas. O novo conceito define-se mais pela sua negação: não é mainstream (sucesso na mídia) nem underground. Localiza-se no meio termo, entre os dois extremos.

Djonga, ícone do rap nacional e da música independente

Djonga conduz a carreira longe das ordens das gravadoras (Foto/Divulgação)

Na prática, o midstream é formado por artistas que ocupam a faixa de mercado em que se situam os artistas que já deixaram o underground, mas também não tem grande visibilidade na mídia.

Nessa nova categoria estão nomes que têm bombado em festivais e nas plataformas digitais. Nessa linhagem podemos colocar gente do naipe de Boogarins, Hungria Hip Hop, Liniker e os Caramelows, Djonga e Rincon Sapiência. No entanto, não podemos nos esquecer de que as bandas O Teatro Mágico e Móveis Coloniais de Acaju ajudaram a desbravar esse terreno.

Liberdade para gerir carreira

O artista que caminha à margem das gravadoras, inevitavelmente, segura as rédeas da própria carreira. Essa tão almejada liberdade vem acompanhada de certa dose de poder. E ter poder em mãos… automaticamente aumenta as responsabilidades.

Uma dessas responsabilidades é saber guiar carreira sem os privilégios de uma grande gravadora. Uma dessas regalias, inclusive, gira em torno de forte presença na mídia, seja ela eletrônica, analógica ou até mesmo digital. E é aí que entra em cena o poder das redes sociais. Em conversa com o site Metrópoles, Diego Marx, curador do Festival CoMA – uma das referências do cenário, deu a real sobre o assunto:

 

“Muitos artistas que já atingiram o mainstream (o grande público e os veículos de massa), optaram por sair das grandes gravadoras por uma questão estética, de democratização da música. Outros nem almejam chegar até lá. Saindo do underground (quase anonimato), consolidam-se no patamar desejado do midstream, e trabalham dentro do seu ambiente natural, as redes sociais”, disse Marxs.

Já que a pouca presença em programas de televisão e rádios é uma das características do midstream, as plataformas de streaming e as já citadas redes sociais são ferramentas imprescindíveis para fomentar agenda de shows e monetizar o trabalho. Essa tendência democrática já entrou no radar de grandes festivais, como Rock in Rio e Lollapalooza, que já de se adaptaram e diversificaram o foco de seus palcos e públicos. Nos últimos tempos, a turma do midstream vem ganhando espaço nos festivais. O fã, que se alimenta de streaming e redes sociais, quer ver seu ídolo ao vivo e, por isso, compra ingressos e fortalece a renda destes eventos.

Música democrática

De acordo com dados do Global Music Report 2019 da IFPI, uma das tendências do mercado é a descentralização das estrelas musicais. Cada vez mais teremos artistas com relevância local. Dentro do Brasil, por exemplo, observamos este cenário bastante pulverizado, com artistas se destacando regionalmente, em vários estilos e para vários públicos.

ícone do rap brasileiro, Tribo da Periferia é um exemplo de artista do midstream

Tribo da Periferia é expoente do midstream (Foto/Divulgação)

Pense nas carreiras de Tribo da Periferia, Aldair Playboy e Léo Magalhães – só para citar alguns. Raramente vistos em programas de TVs ou com músicas tocando exaustivamente nas rádios, esse trio faz parte do time de artistas que usam a internet para movimentar a carreira artística. Por mais que não tenham respaldo midiático, possuem liberdade criativa para fazer um som autoral e com personalidade própria.

Sua carreira está pronta para o midstream?

Se você chegou até aqui, certamente percebeu que o mercado já não caminha de acordo com a corrida para assinar um contrato com uma grande gravadora. Mais do que nunca, a música independente, democrática e livre está em voga. O midstream é o presente e molda o futuro.

Mas e aí, você já refletiu sobre isso? Você tem movimento sua carreira nessa direção? Para começar, tenha uma boa reputação digital, pois, as redes sociais são indicativos para medir a popularidade de um artista. Procure manter o seu Palco MP3 atualizado e bem cuidado, e o mesmo conselho vale para as suas outras plataformas de streaming.

A cena independente não necessita tanto de uma gravadora

O artista independente está cada vez mais próximo dos grandes palcos (Foto/Pexels)

Como bem diz a revista digital da Associação Brasileira de Música e Artes (ABRAMUS), “é um caminho sem volta”. O mercado abriu as portas e inevitável o fortalecimento do midstream. “É um movimento que demanda agilidade e adaptação de todos os players envolvidos no mercado fonográfico”.

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