“Who’s Next”, clássico do The Who, é revisto em detalhes em megaedição de luxo

O motivo para a intranquilidade é simples de entender. Depois do sucesso da ópera rock “Tommy” (1969) o guitarrista pensou em sucedê-la de maneira ainda mais ambiciosa: com um grande projeto multimídia que iria se chamar “Lifehouse”.

Com dificuldade de conseguir se fazer entender para os empresários e o resto da banda, Pete acabou convencido a fazer apenas um bom LP simples, com uma seleção das melhores canções que haviam sido escritas para o trabalho, deixando todo o conceito de fora..

Não se nega que a decisão teve os seus acertos. “Who’s Next” ganhou três discos de platina nos EUA e se tornou o álbum mais conhecido da banda que tinha ainda Roger Daltrey (vocais), Keith Moon (bateria) e John Entwistle (baixo) na formação. Dele também saíram três marcos do rock: “Won’t Get Fooled Again“, “Baba O’Riley” e “Behind Blue Eyes“

Por outro lado, muitas músicas boas acabaram sendo sacrificadas, assim como a história criada pelo guitarrista, que acabaria se mostrando profética, De maneira resumida, “Lifehouse” se passava em um futuro distópico onde o rock não mais existia, o mundo estava em colapso e as pessoas viviam como se estivessem em um programa de televisão, se comunicando apenas através de computadores – não por acaso, Pete costuma dizer que previu a Internet.

Os heróis dessa história são os rebeldes que fugiram para as florestas e mantiveram o rock vivo, e uma espécie de guru que se lembra de como as pessoas atingiam um nível mágico quando ouvam aquela música. Eles embarcam em uma missão de liberar as pessoas através do rock and roll e de seu poder comunal.

Pete acreditava que cada pessoa tinha uma melodia dentro de si, como um DNA que os descreve e que se elas fossem tocadas em uníssono, teríamos então A nota que traria harmonia para a humanidade.

Além da dificuldade para se explicar, Townshend também teve algumas ideias que simplesmente eram impraticáveis, como a de fazer uma série seguida de concertos para uma mesma audiência que iria influenciar a criação de novas músicas, e também serem usadas em um filme. Portanto, não surpreende o fato de seus colegas mais próximos não terem lhe dado o devido suporte.

Essa não é a primeira vez que Townshend retorna a “Who’s Next / Lifehouse”. Além de já ter trabalhado em outras edições expandidas do álbum, ele também lançou uma caixa em 1999 com muito do material que também está nessa edição recém-lançada e a história transformada em uma rádio novela.

Esse “novo Who’s Next” tem, além do álbum remasterizado, as demos originais (com qualidade de gravações de estúdio) que Towshend gravou em sua casa, dois shows na íntegra, músicas que ficaram de fora do LP e outras em mixagens inéditas, além de uma quadrinização da história e, claro, é indicada para quem é verdadeiramente fã da banda inglesa. Para esses, a chegada desse pacote é motivo de celebração, já que agora pode-se afirmar que “Lifehouse” está mais do que esmiuçado, ainda que eternamente incompleto.

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