#TBT Ouça seis músicas que valem ouro lançadas há 40 anos
De Prince a Duran Duran, passando por Afrika Bambaataa e Lulu Santos, 1982 teve música que fez história em todas as frentes
– #TBT Ouça seis músicas que valem ouro lançadas há 40 anos
No Brasil também o ano marcou um início de uma mudança que viria a desembocar no primeiro Rock in Rio e na tomada de poder pelas bandas de rock.
O período também foi bom para artistas com alguma “quilometragem”, seja com Paul McCartney emocionando em seu primeiro álbum a sair depois da morte de John Lennon, Elvis Costello e Joe Jackson se firmando como dois dos mais completos compositores a saírem do Reino Unido nos últimos anos ou Bruce Springsteen lançando o soturno “Nebraska”.
1982 ainda teve o Iron Maiden lançando seu provável álbum definitivo, “The Number Of The Beast”, o som gótico tomando forma, Marvin Gaye lançando seu último disco, Prince tomando fôlego para tomar definitivamente o olimpo da música pop, o The Clash chegando ao mainstream com “Combat Rock” (de onde saiu “”), o pop luxuoso de bandas inglesas como o ABC e o pop de sintetizador ganhando mais e mais força nas mãos de Depeche Mode, Yazoo e Human League.
Muita coisa, não? E isso porque sequer falamos de um disco que chegou às lojas no finzinho de novembro feito por um cantor que, desde criança, já fazia bastante sucesso, e que, literalmente, mudou o mundo. Um álbum que se chamava “Thiller”.
Esse especial traz seis músicas que marcaram aquele ano, e, obviamente são a ponta de um iceberg. Outros “TBTs” sobre 1982 ainda serão feitos pelo Vagalume no decorer de 2022 para tentar dar uma visão mais geral do que aconteceu há 40 anos.
“The Message” – Grandmaster Flash and the Furious Five
“Cacos de vidro em todos os lugares, pessoas urinando nas escadas, você sabe que eles não estão nem aí”, assim começava “The Message”, música que pode não ter sido o primeiro hip-hop, ou até o primeiro sucesso do rap, mas que foi fundamental para espalhar o novo ritmo para o mundo e mostrar todo o seu potencial, incluindo como veículo para transmitir mensagens de cunho político social. Forte concorrente à música mais influente das últimas quatro décadas, o single fez sucesso em todo o mundo – no Reino Unido o impacto foi enorme – e abriu portas que ainda estão sendo exploradas.
Curiosidade: Flash foi, ainda nos anos 70, pioneiro em desenvolver várias técnicas que os DJs usariam, e ainda usam, em festas e gravações. Curiosamente, ele, e praticamente todo o resto do “Furious Five”, não está presente em seu disco mais emblemático. Apenas o rapper Melle Mel pode ser ouvido no compacto.
“Planet Rock” – Afrika Bambaataa & The Soul Sonic Force
Outra pedra fundamental do hip-hop, “Planet Rock” explodiu nas paradas e pistas de dança do mundo todo e causou um impacto raramente visto (ela já foi chamada de “marco zero” da dance music moderna e basta ouvir uns poucos segundos da faixa e ver que seria inimaginável a existência do funk carioca sem ela).
Bambaataa, outro DJ pioneiro, e seu produtor Arthur Baker, prestaram um tributo aos alemães do Kraftwerk (a sua base é a de “Trans-Europe Express“) e terminaram por criar o disco que, segundo o New York Times, foi o “mais importante para a black music em 1982”, o que não é pouca coisa, dada a concorrência.
Se nos EUA a música dos guetos começava a esfregar a sua realidade para a classe média, na Inglaterra, ou no mainstream pop do país, o que se via era algo totalmente oposto. Por lá, o pop atingia um nível de luxo e sofisticação que também faria escola. Em uma era em que nomes como Human League, ABC, Depeche Mode, Culture Club e Spandau Ballet chegavam às paradas, ninguém foi tão longe quanto o Duran Duran.
O grupo já havia mostrado potencial no ano anterior com seu disco homônimo de estreia, mas atingiria o ápice artístico e comercial com “Rio”, muito graças aos seus clipes incrivelmente bem produzidos gravados em locações exóticas. O quinteto foi dos primeiros a perceber que a recém-lançada MTV estava influenciando o mercado da música pop e que não iria levar muito tempo para ela se tornar a mais importante ferramenta de promoção para os artistas.
Como se sabe, a ideia estava mais do que correta e os altos investimentos feitos em vídeos, como “Hungry Like The Wolf“, “Rio” e, claro, “Save A Prayer“, foram mais do que recuperados.
“Alice” – The Sisters Of Mercy
Mas nem tudo era glamour e luxo no Reino Unido. O governo ultra-liberal de Margareth Thatcher causava grande impacto na economia, afetando diretamente a camada menos favorecida da população. A guerra das Malvinas, ou Falklands, envolvendo ingleses e argentinos, travada entre abril e junho daquele ano, também serviu para mostrar que nem tudo era só festa.
Assim, não surpreende que 1982 também foi marcado por uma música diametralmente oposta àquela que se ouvia nas rádios. The Cure, Bauhaus, Siouxsie and the Banshees lançaram trabalhos que virariam marcos da “dark music”. Em julho, a boate Batcave abriu suas portas em Londres e se tornaria o lar para uma nova tribo urbana: os góticos.
Naquele ano a banda que se tornaria símbolo máximo do movimento lançou seu terceiro compacto. “Alice” pode não ter estourado nas paradas ou ganhado apoio unânime dos críticos, mas foi muito influente e, ainda hoje, coloca o povo que curte se vestir de preto para dançar assim que “Doktor Avalanche”, o nome da bateria eletrônica da banda, solta as suas primeiras batidas.
“Tempos Modernos” – Lulu Santos
É interessante ver que, por aqui, mesmo ainda em uma ditadura militar, o clima era esperançoso. 1982 foi marcado pela volta das eleições para governador e uma nova música começava a surgir nas rádios e programas de televisão. Uma música feita por gente jovem, mas não necessariamente iniciante. Vide Lulu Santos, que já havia tocado nos progressivos do Vímana e tentado emplacar, sem sucesso, como Luiz Maurício.
Sua carreira entrou nos eixos em 1982, depois que “De Repente, Califórnia“, composta por ele e gravada por Ricardo Graça Mello, se tornou um dos maiores hits do verão 1981/1982 após ter sido incluída na trilha de “Menino do Rio”.
Lulu, então, teve cacife para bater na porta da Warner e viabilizar um LP, topando a condição de regravar o seu sucesso. O álbum saiu naquele ano, precedido do compacto com “Tempos Modernos“, sua faixa-título. Com produção exemplar e uma letra que sempre parece fazer sentido, mesmo nos piores momentos da nossa história, a música fez sucesso nas rádios, entrou em trilha de novela e, com o tempo, se tornaria um grande clássico da nossa música.
1982 foi o ano em que tudo mudou para Prince, quando os caminhos para o mega estrelato, que ele conquistaria em dois anos, começaram a se abrir. Até ali, o multi-instrumentista já havia conseguido muita coisa, incluindo um impensável contrato com a Warner que lhe dava completo controle no estúdio quando ele mal havia chegado aos 20 anos, isso em 1978.
O artista fez uso dessa liberdade lançando quatro álbuns que lhe conquistaram um público ainda não muito numeroso, mas interessado. Simultaneamente, ele também já atraía a atenção dos críticos e de outros músicos – em 1981, ele abriu – sem sucesso – uma série de shows dos Rolling Stones.
Em 1982, Prince decidiu lançar um álbum duplo – algo não muito recomendável quando não se é um superastro – mas a estratégia deu certo. “1999” foi antecedido pelo single com a sua faixa título que, logo, começou a fazer sucesso. Com sua introdução cinematográfica e refrão irresistível, a música chegou em 12° lugar nos EUA e em segundo no Reino Unido. O clipe levou a imagem do músico para diversas partes do planeta, Brasil incluso, dando início a uma fase de grande criatividade e sucesso que culminariam no fenômeno “disco e filme” “Purple Rain”, em 1984.
#TBT Ouça seis músicas que valem ouro lançadas há 40 anos.
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