Neste 8 de março celebre a vida das mulheres que fizeram a diferença no mundo da música
Aretha Franklin, Janis Joplin, Rita Lee e Beyoncé são algumas das artistas femininas que causaram impacto
– Neste 8 de março celebre a vida das mulheres que fizeram a diferença no mundo da música
Selecionamos dez artistas de diversas épocas e estilos variados que têm muitas diferenças entre si, mas também muito em comum. Afinal todas elas ajudaram a quebrar barreiras – sociais, raciais ou comportamentais, muitas vezes simultaneamente – e a abrir um caminho para outras artistas também poderem se expressar.
Aretha Franklin – 1942 – 2018
Aretha começou a gravar muito cedo, seus primeiros discos saíram quando ela tinha apenas 14 anos. Em seus primeiros anos ela gravou jazz, gospel e standards, em uma série de trabalhos que não faziam jus ao seu talento.
Tudo mudou em 1967 quando ela assinou com a Atlantic e se entregou de vez à soul music. Na nova gravadora ela registrou uma série de álbuns e singles que ficaram para a história além de ter influenciado praticamente todas a cantoras femininas com “vozeirão” que vieram depois dela. Franklin também foi a primeira mulher a ser escolhida para fazer parte do Rock And Roll Hall of Fame e ainda encabeçou a lista de maiores vozes de todos os tempos feita em 2008 pela edição americana da revista Rolling Stone. Sua morte no ano passado deixou um grande vazio na música.
A música definitiva: “Respect” – composta e gravada anteriormente, também de maneira brilhante, por Otis Redding, na voz de Aretha a canção ganhou novos contornos, tornando-se um poderoso hino adotado por militantes dos direitos civis e da causa feminista.
Janis Joplin – 1943 – 1970
Janis viveu pouco, uma overdose aos 27 anos nos privou precocemente de seu talento. Ainda assim, nos poucos anos de vida, a cantora certamente deixou a sua marca na história da música moderna.
Branca, Joplin tinha uma voz espantosa que não devia nada aos das maiores damas do blues, jazz e soul. Seja nos momentos mais viscerais quanto nos líricos é difícil não se emocionar com ela. Joplin também quebrou paradigmas comportamentais e nunca se deixou levar por condições preestabelecidas sobre o seu papel na sociedade.
A música definitiva: “Piece Of My Heart” – Uma escolha difícil, afinal suas versões para “Summertime“, “Ball And Chain” ou “Me And Bobby Mcgee” são igualmente fundamentais. Por outro lado, “Piece Of My Heart“, de 1968 e gravada originalmente por Erma Franklin, junta vários lados de Joplin – o blues, o soul, o rock e o pop – em uma performance irrepreensível que alterna leveza e agressividade.
Patti Smith – 1946 –
Cantora e poeta, Patti Smith foi um dos primeiros nomes do underground norte-americano da década de 70 a gravar, o que fez dela uma pioneira do movimento punk e um dos pilares da muito necessária renovação pela qual o rock passou no meio daquela década.
“Horses”, seu álbum de estreia (1975) tocou muito gente que se tornaria importante nas décadas seguintes – Bono do U2 e Michael Stipe do R.E.M. sendo dois de seus maiores devotos.
A entrega vista em suas performances e a força de seus álbuns, também influenciaram muitas artistas femininas – especialmente as de perfil mais alternativo.
Smith surpreendeu seus fãs quando no auge – na virada dos anos 70 para os 80 – decidiu abandonar a sua carreira para se dedicar a uma vida caseira ao lado do marido e filhos. Em 1988 ela fez um breve retorno, que em 1996 se tornou definitivo.
A música definitiva – “Gloria” – Na faixa que abria o seu primeiro disco, Smith partia do velho hit do Them para criar algo totalmente novo e estimulante. A frase de abertura : “Jesus morreu pelos pecados de alguém, mas não pelos meus” se tornou uma das mais citadas e lembradas da história do rock.
Debbie Harry – 1945 –
Ao lado do Blondie, Debbie Harry se tornou um dos grandes ícones do pop moderno. A artistas soube como poucos usar sua beleza e sensualidade a seu favor, sem jamais deixar que ela colocasse seu talento como artista em segundo plano, uma lição que foi aprendida por muitas estrelas surgidas nos anos seguintes.
Harry se tornou a faceta mais conhecida e popular do punk, graças á música mais acessível feita por sua banda, que abria espaço para o rock dos anos 60, o reggae e a disco music.
A música definitiva – “Heart Of Glass” – O maior hit do Blondie saiu em 1978 e começou como um reggae que não parecia prometer muito. Quem enxergou o potencial da faixa foi o produtor Mike Chapman ao pedir para o grupo acelerar o seu andamento e adicionou a batida disco que fez toda a diferença no resultado final.
Rita Lee – 1947 –
Rainha indiscutível do rock brasileiro, Rita Lee abriu seu caminho na nossa música jovem à força, mostrando que havia um papel maior para as mulheres além daquele de “namoradinha” ou de artista manipulável por produtores ou colegas de banda.
Rita teve papel de protagonista em diversos momentos da MPB. Primeiro como integrante dos Mutantes na década de 60, depois em sua fase mais roqueira, ao lado do Tutti Frutti na primeira metade dos anos 70 e finalmente quando abraçou o casamento (também artístico) com Roberto de Carvalho e acabou por, praticamente sozinha, criar um mercado para a música pop brasileira. Rita no momento curte uma merecida aposentadoria aos 71 anos e garante que não irá mais se apresentar ao vivo ou gravar novos discos. A nós, seus súditos, só resta torcer para que ela reveja essa opinião. De qualquer forma, e isso ninguém há de negar, ela já fez muito.
A música definitiva: “Agora Só Falta Você” – Rita teve hits maiores que esse, alguns igualmente fundamentais como “Mania de Você” ou “Ovelha Negra“. Mas como um manifesto a favor da liberdade e do direito a ser feliz, é difícil achar na nossa música faixa mais poderosa que essa gravação de 1975.
Madonna – 1958 –
É impossível imaginar o pop contemporâneo sem a existência de Madonna. Assim como Debbie Harry, a cantora também soube fazer uso de sua beleza e sensualidade de uma maneira inovadora e inteligente, e colocando em pauta uma série de discussões pertinentes – especialmente em sua fase mais polêmica entre o fim dos anos 80/início dos 90.
Aos 60 anos, Madonna segue como uma figura fundamental dos nosso tempos, tanto pelo que já fez, como pelo que ainda fará – afinal quebrar barreiras e a constante reinvenção é a sua marca maior.
A música fundamental: “Like A Prayer” – Lançada em 1989, foi essa faixa que mostrou não só que a cantora estava em constante evolução, mas também amadurecendo, com uma canção forte e adulta, mas ainda assim inegavelmente pop. O clipe também fez história.
Kate Bush – 1958 –
Kate Bush pode não ser tão conhecida quanto deveria no Brasil, mas sua trajetória é das mais interessantes do pop/rock moderno. Descoberta aos 16 anos por David Gilmour do Pink Floyd que a levou para a EMI, ela desde o começo mostrou que não era uma artista comum.
Bush sempre teve o controle total e absoluto de suas gravações e e só faz o que quer e do seu jeito. Exemplos não faltam, mas relembremos a sua primeira turnê, acontecida em 1979.
A “Tour Of Life” ajudou a dar forma aos show de pop dos dias de hoje – com dança, efeitos especiais e, principalmente, o uso de um microfone preso à cabeça, uma criação de um membro de sua equipe que acabaria se tornando onipresente.
A turnê foi elogiadíssima, mas ela teve apenas 28 shows e foi isso. Apesar de parecer ter nascido para as performances ao vivo, Bush só voltaria aos palcos em 2014 e novamente em uma temporada curta. Dessa vez foram 22 apresentações na Inglaterra, todas obviamente esgotadas e bem sucedidas artisticamente.
Os discos de Bush não são exatamente de fácil audição, mas isso nunca impediu que eles vendessem muito bem especialmente na Europa. Extremamente influente, podemos dizer que sem ela a sonoridade de estrelas contemporâneas como Florence Welch, Bat For Lashes ou Marina and the Diamonds seria bem diferente.
A música definitiva: “Running Up That Hill” – A canção mais conhecida de “Hounds Of Love”, talvez o seu melhor álbum, é cercada de mistério – na letra ela sugere fazer um pacto com Deus para que ela e seu parceiro mudem de sexo para assim atingirem um novo nível de conhecimento – e inovação com o uso de instrumentos eletrônicos de ponta.
Beyoncé – 1981 –
Talvez a maior pop star do mundo contemporâneo. Beyoncé é daquelas artistas que hoje em dia gozam de importância extramusical. A cantora se tornou não só uma mega-estrela, mas também uma figura de inegável poder de influência.
Beyoncé não tem medo de abordar assuntos controversos – da causa feminista à sempre problemática questão racial – e sabe que está em uma posição onde o que fala ou faz pode ajudar a mudar, nem que só um pouco, certas ordens estabelecidas.
Mais importante, seu lado ativista em anda atrapalha o artístico, vide “LEMONADE”, seu mais recente álbum que além de ter vendido muito bem, foi uma grande unanimidade entre os críticos.
A música definitiva: “Crazy In Love (feat. Jay Z)” – Beyoncé sabia que precisava de uma música poderosa para mostrar que agora era uma artista solo de peso e não uma parte das Destiny’s Child. Essa necessidade foi mais do que satisfeita com esse single, um dos mais poderosos deste século que também rendeu um clipe que ficará para a história.
Amy Winehouse – 1983 – 2011
Assim como Janis Joplin, a inglesa Winehouse, também era uma branca com voz negra e que trazia uma série de demônios internos que não conseguiram ser domados.
Assim como Janis ela também se foi muito cedo, aos 27 anos, e deixou uma obra ainda menor – foram apenas dois discos de estúdio. É claro que nem tudo são semelhanças, afinal se Janis tinha o blues, Amy trazia em si a paixão pelo jazz, pelos standards, a soul music e a música dos girl groups dos anos 60 e, também pelo hip hop e o R&B moderno.
Assim, ela criou uma música que soava moderna, mas tributária do passado que eram completadas por sua poesia que vinha com total entrega.
Amy viveu pouco, mas abriu o caminho para que mais cantoras com bagagem semelhante à sua chegassem ao mercado e se tornou uma figura icônica deste século, também influenciando a moda e o estilo do século 21.
A música definitiva – “Back To Black” – A mais bem humorada (em termos) “Rehab” também define muito bem Amy, mas essa balada doída que dá título ao seu segundo álbum vai mais fundo em sua psique e nas suas influências – aqui o soul-pop das Ronettes e outros grupos femininos que Phil Spector produziu nos anos 60 e as “torch songs” (ou “canções de fossa” em bom português).
Marisa Monte – 1967 –
Marisa surgiu na música brasileira no final dos anos 80, em uma época em que a MPB se encontrava em uma de suas fases mais complicadas. Logo ela conquistou o apoio da imprensa e chamou a atenção do público com o seu ecletismo (que não muito tempo depois começaria a ser usado de forma pejorativa, dada a quantidade de cantoras “ecléticas” que começaram a chegar ao mercado).
Depois de lançar um disco só com versões – que iam deTitãs e Tim Maia a Kurt Weill e Candeia – a artista achou um caminho onde o pop e a música brasileira tradicional se encontram de maneira harmoniosa.
Os álbuns de Marisa agora trazem composições próprias, escritas em parceria com uma série de colaboradores, músicas feitas especialmente para ela e versões de canções quase sempre injustamente obscuras ou esquecidas.
Mais importante é o seu jeito de lidar com a sua carreira – ela tem o total controle sobre todos os seus aspectos e nunca faz nada que não tenha vontade – basta lembrar que ela recusou verdadeiras fortunas para excursionar com os Tribalistas no início da década passada porque desde o princípio essa não era a intenção deles – eles finalmente subiram ao palco em 2018 para uma turnê vitoriosa e em breve serão uma das maiores atrações do Lollapalooza.
A música definitiva – “Segue o Seco” – O maior hit de “Cor de Rosa e Carvão” – tido como o seu melhor disco – é um dos símbolos da década de 90, também por causa de seu clipe que foi exibido centenas e centenas de vezes na televisão. A composição é de Carlinhos Brown, mas não se pode negar que Marisa se apossou da música, graças à emoção que trouxe para a letra com a sua interpretação.
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