Sofrência

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epois da lambada, do axé e do arrocha, esse é o verão da “sofrência”, um estilo musical que mistura sofrimento e carência. É a velha dor de cotovelo que está bombando no Nordeste. Em qualquer esquina, em qualquer bar, é o estilo musical que mais se toca. “Tem que tocar sofrência, porque se não o show não presta. Tem que tocar sofrência”, afirma um músico.

A palavra é uma mistura de sofrimento com carência, surgiu há pouco tempo e começou com o cantor baiano Pablo. “É uma expressão romântica, é uma expressão de sentimento. Então acho que os boêmios se identificam muito, né?”, conta.

É música para uma bela dor de cotovelo. “É bom, lógico. Quem não gosta de sofrer um pouquinho?”, diz uma jovem. E também para dançar: “Tem dança para esquecer a sofrência”, destaca outra.

Artistas do axé, como Ivete Sangalo, incluíram o ritmo no repertório. A sofrência caiu mesmo no gosto de muita gente porque toca profundo no coração. E, para curtir tanto lamento existe até a noite da sofrência. “Eu vi para cá porque estou sofrendo muito por amor”, revela uma jovem. E quem nunca sofreu assim? “O coração está sofrendo muito”, diz outra mulher. A partir de 2014 surgiu uma nova vertente dentro do arrocha, sertanejo e do brega: a “sofrência”, nova nomenclatura para chamar o que antes era conhecido como dor de cotovelo (que falam do amor não correspondido, uma decepção amorosa, traição, etc), que ganhou repercussão no Brasil, principalmente com o cantor Pablo. Na Enciclopédia da Música Brasileira de Marcos Antonio Marcondes, o “brega” é caracterizado como a “música mais banal, óbvia, direta, sentimental e rotineira possível, que não foge ao uso sem criatividade de clichês musicais”. Para Lúcia José, o “brega” teria estruturas sonoras “organizadas e mantidas sem oposição, provocando nos ouvintes uma pasteurização em que todos os arranjos ganham um mesmo assobio”.

Para o historiador Paulo Cesar de Araújo, o “brega” estaria “no limbo da história”, amparado em marcos historiográficos, que teria estabelecido que “toda produção em que o público de classe média não identifique tradição (“raízes” do samba) nem modernidade (“a partir de 1958, com a Bossa Nova, e que continua com o Tropicalismo”) é rotulada de brega ou cafona”.

O autor Fernando Fontanella complementa ao afirmar que, dentro de um jogo “hierarquias culturais”, “o imaginário do belo sempre é pensado pelas instituições da hegemonia dentro de uma legitimação dos grupos dominantes”, o que explicaria a relação da “música brega” ao “mau gosto” como algo oriundo de um processo de estruturação de classes que tende a beneficiar determinados grupos em particular.

Você conheceu um pouco mais sobre o Estilo Musical Sofrência.


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