Em disco de estreia, Afronauta mostra as rimas mais sagazes do novo rap nacional
Salve, salve, manos e minas! “Deixa eu fala procê [sic]”… o hip hop é um terreno cada vez mais amplo na música brasileira. Novas tendências, novos estilos, novas batidas… novos sons e novas rimas, são alguns dos fundamentos que mantêm o rap no rolê.
No texto de hoje, o nosso papo vai ser bem reto! Vamo trocar uma resenha sobre um dos excelentes artistas da Coisa de Preto Produções, produtora “que tem como foco lançar artistas pretos e que façam um trabalho que necessite de mais visibilidade”. Dito isso, informo que vou te aplicar o trabalho do rapper Afronauta.
Na real, o som dele é uma verdadeira experiência sensorial. Vai por mim: não tem como ser a mesma pessoa depois de ter contato com essas letras e com esses arranjos.
Agora, chega de spoilers! Desperte o seu senso crítico, se prepare para conhecer novas ideias. Não deixe de dar voz à metralhadora giratória, cujos alvos são a cretinice, a hipocrisia, a demagogia e uma pá de outras viagens erradas.
Afronauta
Natural de São Paulo, ele é fotógrafo, videomaker, rapper, produtor musical e designer. O nome dele? Bem… é Emerson Toco, mas pode chamá-lo de Afronauta.
Esse artista tão polivalente também integra, há coisa de uma década, o grupo Zamba Rap Clube. Por lá, assinou a produção musical do álbum Um Novo Dia – Sonhos e Metas, além da direção de arte e composição. Também pilotou a direção de quase todo o material audiovisual. Ah, não posso deixar de mencionar a participação do álbum Canto Negro, do rapper Preto, na faixa Ocupando Após Diáspora.
Em 2020, Afronauta mergulhou mais fundo na carreira musical. Batizado Rimas À Prova de Balas, o single de estreia dele foi lançado no finalzinho de julho. Cerca de dois meses depois veio o disco Pax Mafiosa, o primeiro trabalho solo. A seguir, te conto mais sobre essa história
Pax Mafiosa: sagacidade nas rimas e batidas futuristas, by Afronauta
Com molduras sonoras que vão do boombap ao trap; do grime ao downbeat; e até dancehall, o artista imprime uma identidade única em suas rimas e beats. Ao longo de oito faixas, nossos ouvidos são agraciados com doses futuristas e diversas visões do mundo do rapper.
Sem economizar no tom denso do discurso, a faixa Overdose Tímida abre o disco. Ao longo das rimas, Afronauta lembra alguns e explica para tantos outros que o Brasil não é para amadores. Sem “passar o pano”, o artista nos entrega versos que devem ser transformados em “notais mentais”. Se ele “não abrir sua mente, prepara o supercílio”, pois a porrada vai ser forte.
Na sequência, a música Ideia Quente, Noite Fria retrata os desafios que um cara da quebrada encontra quando vai colar nos rolês da ponte pra lá. Nessa música, a distopia assume um tom ainda mais forte nas rimas de Afronauta… “Porque à noite, mano, até deus é ateu”.
Manja aquele tipo de gente que é fake em tudo que é proceder? Pois é! O recado pra essa turma é muito bem dado na música Falso 9. Sem aliviar pra quem é comédia, o rapper derrama rimas que separam os artilheiros dos caras que só fazem o time ser rebaixado de divisão.
Afronauta é um letrista sagaz. Com papel e caneta em mãos, ele tem a manha de usar simbologias e figuras de linguagem para escrever crônicas de seu universo. E é de uma inteligência incomum a forma como ele associa personagens infantis à realidade distópica encontrada no dia a dia das quebradas desse Brasil! Na realidade mostrada nas rimas da música Boneco de Madeira, cupins são sentimentos e nem o grilo falante pode te salvar.
Em grande estilo, a música Rima à Prova de Bala fecha o disco. Aqui, a resenha é pra conscientizar os ativistas de sofá e intelectuais de redes sociais. “Sigo rimando Jimmi Hendrix e eles jogando Guitar Hero”, tá dado aí o recado! O futuro está acontecendo e quem moscar, perde o bonde da história.
Como divulgar a nova música brasileira?
Se você chegou até aqui, certamente sentiu o impacto que é o trabalho do Afronauta. Sendo assim, posso te pedir um help?
É coisa bem simples: basta espalhar o link deste post nas suas redes sociais e grupos de WhatsApp! A caminhada do rapper independente não é fácil. Com um “curtir” ou com um “compartilhar”, no entanto, você fortalece esse trabalho tão sério e honesto.
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